Nesta 2ª. feira, o Irã criou um problema para os grandes do Ocidente: como manter as sanções depois de sua última proposta para provar que não pretende produzir armas atômicas.
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Afeganistão: a mensagem dos desertores
Pelo menos 1 entre 7 soldados afegãos deram adeus às armas nos primeiros 6 meses deste ano. Foram mais de 24 mil soldados, mais do dobro dos que seguiram o mesmo caminho no ano passado, segundo estatísticas da OTAN. Somente em junho, 5 mil desertaram, quase 3% do efetivo total de 170 mil homens do exército do Afeganistão.
Os chefes militares americanos se consolam lembrando que, em 2009, desertavam mil soldados afegãos a mais do que se alistavam, proporção que foi reduzida quando se decidiu aumentar os salários militares e garantir saída livre para aqueles que, posteriormente, viessem a querer. Mas isso das deserções somarem hoje cerca de 15% do total do exército não deixa de ser uma luz vermelha já que torna ainda mais difícil atingir o objetivo de um exército de 400 mil homens, em 2014. Número considerado suficiente para que os americanos e aliados possam partir e deixar os afegãos tomarem conta de si próprios.
Para compensar as deserções do pessoal do seu lado, os EUA também tem um programa de incentivo às deserções de talebãs. Eles oferecem salários compensadores, treinamento profissionalizante e um esquema de proteção aos guerrilheiros que mudarem de lado. Os resultados tem sido modestos. Desde julho do ano passado, dos 25 mil talibãs que se calcula existirem, apenas 2.418 aderiram ao programa americano. Isso num período de mais de 1 ano.
A grande maioria dos talibans convertidos são combatentes de baixa graduação. Dois terços vieram das províncias mais pacíficas, no norte e no sul. Não há dados confiáveis sobre os números do recrutamento de insurgentes.
De qualquer modo, são 24 mil desertores do exército afegão contra apenas 2.418 desertores talibãs, o que preocupa muito os chefes da OTAN.
Por sua vez, o príncipe Turki Al-Faisal, antigo chefe do serviço secreto da Arábia Saudita, revela desânimo. Ele conhece profundamente a realidade afegã, por sua longa experiência em contacto com os chefes locais, desde os tempos que os talibãs eram considerados “good guys”, pois lutavam contra o governo, então comunista.
Al-Faisal garante: “Os afegãos nunca aceitarão tropas estrangeiras. Eles lutarão contra elas. Não são apenas os Pashtuns que estão lutando contra os americanos, agora (a guerra) tem uma configuração nacional.”
Por isso mesmo, Al-Faisal acha que os EUA perderam uma grande chance de se retirarem quando da morte de Bin Laden. Segundo ele, tendo liquidado a Al Qaeda no Afeganistão (hoje reduzida a poucos militantes) e matado seu chefe, os americanos poderiam voltar para casa com honra.
E o ex agente saudita concluiu: ”Tenho medo que chegará um tempo – seja neste ano ou no próximo –que os americanos terão de, inevitavelmente, retirar-se. E eles terão perdido o momento perfeito para partir com uma vitória”.
Os chefes militares americanos tem uma visão mais otimista. Eles dizem que os talibãs estão cada vez mais fracos. Mas as notícias que vem do front mostram uma realidade diferente. Enquanto a OTAN tenta aprofundar os ganhos conseguidos no Sul, os afegãos atacam nas áreas do Norte e do Centro, que ficaram mais inseguras.
O grande número de desertores do exército afegão é, talvez, mais um indício de que as coisas não vão muito bem para as tropas do Ocidente.
Islândia: como sair da crise sem entrar em outra
Bahrein: chuvas e trovoadas na primavera árabe
A Primavera Árabe parecia que iria dar frutos no Bahrein. Depois de 5 meses de ataques das forças do governo contra manifestantes pacíficos, um acordo pintou como possível.
Solução ou armadilha
O Ocidente acaba de fazer na ONU aquilo que ele sempre fez em séculos de relações com os povos árabes: trapaça.
Apresentou uma proposta que, ao mesmo tempo, salva Israel da condenação mundial, Barack Obama de perder totalmente a confiança dos árabes e os 3 grandes europeus (Reino Unido, França e Alemanha) de perderem face junto a seus eleitores e a governos do Oriente Médio com quem tem, ou esperam ter, bons negócios.
Só os palestinos é que saem perdendo, nesta maquiavélica urdidura do expert em tirar castanhas do fogo, que é Sarkosy, Mas, vamos e venhamos, os palestinos não votam nas eleições americanas, pesam pouco nas européias(via emigrantes), não tem petróleo e nem são amigos de Rupert Murdoch, Berlusconi, Fox e outros grandes da mídia internacional…
Uma nova intifada, multidões árabes furiosas, aumento do terrorismo, passeatas de jovens nos EUA e na Europa, não são grande ameaça. Para isso, os EUA, Israel e as grandes potências européias estão equipadas com armas tão avançadas que só de ouvir sua descrição já causa pavor.
A proposta de Sarkosy foi assumida pelo quarteto -ONU, EUA, Europa e Rússia- criado para solucionar o impasse palestino. Ela estabelece negociações entre as partes, com 1 ano de prazo para se chegar à criação do estado palestino. Foi saudada como uma solução salomônica para o impasse que divide a ONU.
Impasse por que, enquanto cerca de 180 países (entre 193) querem que a ONU reconheça a Palestina, os EUA prometem vetar no Conselho de Segurança. E com isso, suprema ironia, a posição de quase o mundo inteiro valerá menos do que a posição de um único país.Em outras palavras: a democracia, na prática, vai ser passada pra trás. Ficará para o terreno fácil da retórica.
‘Um contra o mundo’, até parece o título de um filme de um épico de Hollywood. Talvez com Charlton Heston e com Vincent Price no papel de Sarkosy.
O fim desse filme não deve ser dos melhores. Na certa, os palestinos, acabarão tendo de voltar pra casa de cabeça baixa e mãos vazias.
E Obama? Com que cara ele ficará? Não sairá mal junto a seu eleitorado e financiadores judeus. Terá argumentos fortes para enfrentar as acusações republicanas de que ele estaria traindo Israel. E para conquistar muitos votos e dólares desse segmento.
Mas, não é só de eleições que vivem os presidentes americanos (embora, para eles, costume ser o fundamental). No presente caso, o apoio à causa de Israel também terá seus lados desconfortáveis. Se acontecer, a Arábia Saudita – preciosa e petrolífera aliada- ameaça mudar para uma postura independente ; o Egito e a Tunísia, onde os EUA derramam dólares para conquistar líderes democráticos, serão perdidos; a Turquia poderá aproximar-se do Irã; os líderes palestinos moderados serão superados pelos radicais; centenas, senão milhares de jovens muçulmanos, farão filas para entrar nos movimentos terroristas; a imagem americana que, em todo mundo, está entre ruim e péssima, tenderá muito mais para segunda alternativa.
Foi para salvar o governo Obama (pelo menos parcialmente) de todas estas tragédias que Sarkosy, também para melhorar sua imagem não muito boa na própria França e no mundo muçulmano, apresentou sua proposta. Que, por tabela, beneficia Cameron, rejeitado nas últimas pesquisas junto ao povo inglês, que também se mostrava, em sua maioria, favorável (53% x 38%) ao reconhecimento do estado palestino.
Todos os membros do quarteto de peacemakers toparam a idéia do engenhoso Sarkosy. Obama e a Comunidade Européia aplaudiram de pé. A ONU e a Rússia, pelo menos, não se opuseram.
Nethanyau, pressuroso, concordou logo. Lógico, sua política é adiar decisões o mais possível até não haver mais territórios palestinos a serem negociados. E, como o plano Sarkosy não previa o reconhecimento obrigatório da Palestina pela ONU, se não houvesse acordos entre as partes, o sonho palestino não se realizaria nem em fins de 2012. A luta pelo reconhecimento do estado palestino teria de ser reiniciada e rediscutida na reunião da ONU, somente em setembro de 2013, quando então ninguém sabe o que poderia acontecer. Quem sabe, outra proposta dilatória.
Abatido, sem forças, o moderado Abbas, Presidente da Autoridade Palestina, cedeu. Mas, exigiu o óbvio. Para se iniciarem as negociações, nada de novos assentamentos. De fato, se a idéia era negociar a entrega à Palestina dos assentamentos judaicos em seu território como continuar construindo mais assentamentos?
Interromper os assentamentos seria uma concessão. Pequena se considerarmos o quanto a proposta de Sarkosy era vantajosa para Israel
Mas Nethanyau disse não.Não é hábito de Israel fazer concessões, mesmo que favoráveis a seus bons amigos de Washington. É o que assegura o próprio Robert Gates, Secretário da Defesa na era Bush. Ele afirmou ao National Security Council Pincipals Comittee que o governo de Israel é um “aliado ingrato” ao qual os EUA dão tudo, sem receber “nada em troca.”
E por que o fariam? Nethanyau sabe que não precisa atender aos EUA – nem um mínimo- para conseguir que os americanos façam o que Israel quiser.
No caso presente, ele não vê porque dar uma colher de chá a Obama –parando os assentamentos com o fim de viabilizar a proposta de Sarkosy, tão importante para os EUA. Chova ou faça sol, Washington e seus followers europeus, de qualquer jeito, irão votar contra a Palestina.
E para mostrar que seu “não” é pra valer, o governo Nethanyau acaba de autorizar a construção de mais 1.100 casas na parte árabe de Jerusalem.
Protestos gerais no Ocidente por verem sua saída fechada.
Hillary Clinton considerou a ação israelense “contrária a nossos esforços para reassumir negociações diretas entre as partes”.
Jay Carney, Secretário de Imprensa de Obama, disse que o governo estava “profundamente desapontado.”
Para a Chefe de Política Externa da Comunidade Européia, Catherine Ashton, a decisão israelense “precisaria ser revertida”
E a ONU, através do seu coordenador especial para o processo de paz no Oriente Médio, Robert Serry, foi enfático: ‘Os projetos dos assentamentos são contra a lei internacional e destroem a retomada das negociações em busca da solução dos 2 estados para o conflito.”
Por enquanto, tudo em vão : 1.100 novos assentamentos estão a caminho, com o apoio entusiástico da direita israelense, ora no poder.
Alguns dos seus principais líderes, os presidentes do Likud- o partido do governo, e dos partidos Shas e Habayit Hayeudi, mais o líder da União Nacional, acham que o governo deve fazer algo mais contra os árabes do que apenas continuar assentando colonos israelenses em suas terras.
Eles mandaram uma carta apelando a Nethanyau para que imponha sanções à Autoridade Palestina por seu atrevimento em recorrer Á ONU. Querem a anexação oficial de todos assentamentos na Cisjordânia ao Estado de Israel, o aceleramento da construção de assentamentos e a proibição de qualquer construção palestina nas terras sob controle do Exército de Israel.
Nethayau está longe de ver com maus olhos tais proposições.
Não vamos esquecer que, não faz muito tempo, o premier israelense andou declarando diversas vezes que toda Samaria e Judeia (ou seja, a Cisjordânia) pertencem ao povo judeu.
No entanto, atualmente, Nethanyau parece visualizar a idéia de que, num futuro o mais remoto possível, (ele ou algum sucessor) poderá admitir uma Palestina independente. Claro, desenhada por mãos sionistas de extrema-direita e empurradas goela abaixo dos palestinos, então, esgotados por dezenas e dezenas de ano de lutas inglórias e artimanhas diplomáticas.
Nessa perspectiva, a proposta dilatória de Sarkosy seria perfeitamente adequada. Além do que está sendo impulsionada por pressões nervosas dos EUA e dos 3 grandes europeus. Não é que elas assustem o governo de Israel, mas atendê-las, certamente lhe trará prazerosas compensações. Continue lendo
O que se pode esperar da generosidade israelense?
Está chegando a Assembléia Geral da ONU, quando deverá ser discutido o reconhecimento do estado palestino. Para convencer os árabes a retirarem sua proposição, o premier Nethanyau declarou que, em troca, poderia fazer uma “generosa oferta” de paz.
Reconhecimento: a cartada final dos palestinos
“Se a solução dos 2 estados falhar, Israel enfrentará uma luta tipo União Sul-Africana. E, uma vez que isso aconteça, será o fim do estado de Israel.” São palavras de Ehud Barak, quando primeiro-ministro israelense, em 2007.
Gaza: um inquérito pouco independente
Quando Ban-Ki-Mon, Secretário-Geral da ONU, nomeou Álvaro Uribe, ex-Presidente da Colombia, 4º. membro da equipe que investigaria a abordagem pelo exército de Israel do navio que levava suprimentos a Gaza, houve muitos protestos.
Terroristas muy amigos
O site americano AntiWar noticiou que o Ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman formou um time para organizar retaliações contra a Turquia. Tudo porque o governo de Istambul está de briga com Israel por conta da recusa de Telaviv em pedir desculpas pelo massacre da Flotilha da Liberdade. Uma das propostas é armar o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) para realizar atentados, atingindo instalações militares turcas.
Palestinos atacam Israel com não violência
Nem mísseis, nem homens-bombas, a resistência palestina adotou uma nova arma contra a ocupação: a não-violência. Parece muito eficaz pois está preocupando as autoridades de Telaviv como nunca antes aconteceu.