Em abril, o Comitê de Inteligência do Senado finalmente liberou um resumo do seu relatório sobre a CIA.
O texto completo do relatório contém fatos “classificados”, ou seja, secretos. Portanto, depende de autorização da Casa Branca para publicação, o que os tornaria “desclassificados”.
São mais de 6.000páginas e vídeos, revelando o programa de torturas praticadas pela CIA no interrogatório de suspeitos.
O relatório foi concluído em 2012.
De lá para cá, a CIA fez de tudo para melar o jogo.
Buscou criminalizar os investigadores do Senado por acessarem “ilegalmente” seus documentos.
Além disso, conforme a senadora Dianne Feinstein, a CIA se lançou numa campanha de intimidações e obstruções, visando bloquear a publicação do relatório.
Chegou a destruir, diz Feinstein, centenas de documentos incriminadores.
Mas o relatório caminhou, ainda que lentamente, pelos caminhos burocráticos até que chegou às mãos de Obama.
O problema é que, incrivelmente, o governo resolveu passar à CIA a tarefa de, depois de checar tudo, redigir um relatório final. Eventualmente, com correções.
É brincadeira, seria o mesmo que deixar o réu reescrever a acusação contra ele…
Protestos surgiram de toda parte.
A Senadora Feinstein, que é democrata e presidente do Comitê de Inteligência do Senado, não se conformou.
O Senador John McCain, importante líder do Partido Republicano a apoiou, dizendo: “Ela não confia na CIA. Penso que ela está provavelmente certa. Eu não confio também.
Ambos querem que o relatório venha a público com alterações mínimas.
O site military.com publica apelo que 30 generais reformados fazem a Obama no mesmo sentido.
Dizem exstir um conflito de interesses que impede a CIA de escrever a redação final de um relatório que acusa seus próprios membros, inclusive alguns ainda na ativa, de “autorizarem métodos brutais de interrogatório e sistematicamente enganarem a Casa Branca, o Congresso, o Departamento de Justiça e o povo americano sobre os fatos e as conseqüências do uso desses métodos.”
Neste episódio, fica claro o imenso poder que a comunidade de segurança exerce sobre o governo Obama.
Agora, ele tem uma boa chance de mostrar que não se submete a ela.
Basta voltar atrás e mandar publicar o relatório do Senado sem a censura inoportuna da CIA.