O que esperar do exército do Egito.

É o mesmo exército que no período 2011-2012 prendeu e processou 12 mil manifestantes em tribunais militares, condenando vários a penas que chegaram a até 8 anos de prisão; cujas forças de segurança foram responsáveis pelo massacre de Maspero , onde 34 pacíficos coptas foram mortos e centenas feridos; que forçou mulheres a se submeterem a testes de virgindade; que reprimiu violentamente dezenas de manifestações, durante o governo da Junta Militar, depois da queda de Mubarak.

É grande a influência do exército americano no egípcio.

Há mais de 30 anos, os EUA vem fornecendo armamentos, inclusive aviões e tanques, em valores que, nos últimos anos, chegam a 1,3 bilhões de dólares.

Anualmente, mais de 500 oficiais egípcios são treinados em “jogos de guerra no Oriente Médio”, em escolas militares americanas.

O general Sissi, chefe da nova junta militar que, por enquanto, está governando de fato o Egito, passou por treinamentos na “Escola de Guerra da Pensilvânia.”

Como leis americanas proíbem que o país financie governos oriundos de golpes, Obama insiste em não usar esta palavra, prefere falar em “intervenção militar”.

O que lhe dá um grande poder de pressão sobre os novos dirigentes do Egito.

Atualmente, os militares dirigem empresas dos mais variados setores, representando entre 30% e 40% da economia nacional.

Seus orçamentos não são sujeitos à supervisão do parlamento.

Seus tribunais julgam até civis, em casos ligados á segurança nacional.

Visando conseguir o apoio das forças armadas, Morsi manteve esses privilégios, que vinham dos tempos anteriores a Mubarak.

Não se sabe até onde seus chefes irão para não perdê-los.

Stephen Cook, analista e pesquisador do Council on Foreign Relations, dos EUA, não é otimista.

Ele observa: “Os liberais e os revolucionários foram excessivamente apressados ao pularem na cama com os militares.”

O socialista Sabahi e o liberal El Baradei, líderes respeitados da oposição, dizem que confiam nas promessas do general Sissi e seus confrades.

Temo que o ódio a Morsi e à Irmandade Muçulmana tenha obscurecido sua visão.

 

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