Apesar dos EUA estarem despejando centenas de bombas sobre o ISIS e milhões de dólares no apoio ao exército do Iraque, quem brilha mais é o Irã.
Fortalecidas com armamentos e oficiais iranianos, o exército de 100 a 120 mil xiítas vem sendo o principal protagonista na campanha militar.
Eles entraram em ação na hora certa.
Quando o ISIS chegava perto de Bagdá, ameaçando atacar a cidade, foram os xiíítas, armados pelo Irã, que salvaram a pátria.
Com o exército iraquiano praticamente impotente, eles conseguiram barrar a penetração do ISIS e o fizeram recuar.
Os EUA chegaram muito tarde, somente cerca de dois meses depois dos radicais surgirem às portas da capital iraquiana.
E seu trabalho para recuperar e treinar o desmoralizado exército iraquiano começou apenas em dezembro último.
Enquanto isso, a situação está sendo revertida.
O último feito dos xiitas foi a ofensiva na província de Dyala, que os tornou a força hegemônica em uma larga faixa de território iraquiano, do sul do Iraque até a região de Kirkuk, no norte.
A estratégia do Pentágono de promover pesados bombardeios aéreos para facilitar a conquista de posições por forças terrestres parece um tanto furada.
Quem toma as cidades, com o precioso auxílio das bombas ianques, são em geral grupos xiitas que se formaram lutando contra o exército americano nos tempos da ocupação do Iraque.
Gente hostil a Washington, portanto.
Agora que se aproxima o ataque a Mossul, ocupada pelo ISIS, os americanos pensam em enviar tropas terrestres, inclusive para marcar presença de forma decisiva.
Cheios de si pelas últimas vitórias, os xiitas dispensam até mesmo o auxílio da aviação americana. Karim al-Nouri, comandante da brigada Badr, a principal milícia, esnobou: “Podemos derrotar o Estado Islâmico só com nossas forças.”
Outro comandante do Badr, Hadi-al-Amiri foi bem claro: “Nossa missão é libertar o Iraque com os iraquianos, não com estrangeiros.”
Amiri não classifica os iranianos como estrangeiros.
Afinal, também eles são xiitas.