Honduras: EUA treinam esquadrões da morte.

O mundo avançou e na nossa América democracia e direitos humanos estão em alta.

A direita latino-americana adequou-se à realidade.

Agora, em vez de promover golpes militares sangrentos contra governos inconvenientes, prefere golpes com aparência legal, usando sua força nos legislativos, judiciários e forças armadas.

Em 2009, foi a vez de Honduras.

No começo, as Américas em peso condenaram o “golpe legal”.

E, em peso, romperam relações com  Honduras.

Com o tempo, o governo provisório do golpe negociou eleições livres (porém sem seus adversários).

Os EUA logo mudaram de posição, afinal a direita hondurenha vinha sendo uma aliada fiel há muitos anos.

Apesar do próprio embaixador americano, conforme revelação do Wikki Leaks, ter enviado memorando considerando o golpe ilegal, os EUA reataram as relações diplomáticas.

E pressionaram os demais países americanos para seguir seu exemplo.

Com  a eleição de Porfírio Lobo, argumentavam, Honduras voltara ao bom caminho.

Quase todos os governos do continente obedeceram, afinal tratava-se de uma situação de fato.

Mas, o Brasil ficou firme. Até hoje suas relações com o governo hondurenho oriundo do golpe são frias.

Os fatos mostraram que nosso país estava certo.

O presidente eleito, Porfírio Lobo, trata os oposicionistas no pau. 34 desapareceram misteriosamente, talvez assassinados.

A respeitada instituição de defesa dos Direitos Humanos, a Cofadeh, acusou as forças de segurança do país pelo assassínio de mais de 300 pessoas nos últimos dois anos.

Entre elas, 19 jornalistas que, talvez por coincidência, eram críticos do governo Lobo.

O interessante é que nenhum dos assassinos de jornalistas foi preso. Nem seria possível, considerando que as autoridades policiais do governo não se deram ao trabalho de investigar seus casos.

Em maio do ano passado, a polícia em conjunto com agentes do DEA (polícia antidrogas americana) matou 4 civis inocentes, inclusive uma mulher grávida. Autoridades americanas reconheceram que se tratou de um erro.

Em novembro, os policiais hondurenhos perseguiram e mataram um adolescente.

Em janeiro deste ano, dois homens acusados de serem membros de gangs foram presos e desapareceram.

Nos últimos 3 anos, os promotores hondurenhos receberam 150 queixas formais sobre mortes causadas por esquadrões da morte policiais, em Tegucicalpa, e 50, em San Pedro Sula.

“Desde 2010,” relata Dana Frank em Foreign Affairs, aconteceram mais de 10 mil queixas  de violências contra os direitos humanos pelas forças de segurança do Estado.”

Muito grave é os EUA estarem treinando e equipando essas forças de segurança acusadas de execuções extrajudiciais e “limpeza social”, desde 2010.

Em junho de 2012, um grupo de acadêmicos latino-americanos enviou uma carta à Casa Branca, protestando contra a presença militar americana em Honduras e pedindo o fim da ajuda ao aparelho de segurança do país..

Eles afirmaram que o combate às drogas tem sido uma farsa, argumentando que “combater o tráfico de drogas não é uma justificação legítima para os EUA financiarem e treinarem forças de segurança que usurpam governos democráticos e reprimem violentamente o povo.”

Ainda estão esperando pela resposta.

 

 

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