Chegando à presidência do Afeganistão numa eleição fraudulenta, Hamid Karsai foi sempre apoiado pelos EUA.
E retribuiu zelosamente, ao ponto de ser ser chamado de fantoche da Casa Branca.
No ano passado, ele se voltou contra seus protetores.
Afinal, as eleições se aproximavam e Karsai pretende continuar sua carreira política.
Por isso, ele encampou as reclamações do seu povo contra as forças especiais e seus raids noturnos.
Nessas operações, esses soldados, que só prestam contas à Casa Branca, costumam invadir lares afegãos, em busca de talibãs e similares.
Claro, não são nada gentis com os moradores.
Despertos no meio da noite, são arrancados da cama e levados à força para interrogatórios, que por vezes duram dias.
Eventualmente, os soldados já chegam atirando e ai de quem fica na frente das balas…
Quando Obama convidou Karsai a assinar o Tratado Bilateral que regula a permanência de parte das forças americanas “ até 2024 e além deste ano”, o presidente afegão criou caso.
Só aceitaria se os raids noturnos e outros ataques contra lares afegãos acabassem.
Obama não topou, deu prazo até o fim de 2013 para Karsai assinar.
Karsai ficou firme e agora acrescentou nova exigência: os americanos devem iniciar negociações de paz com os talibãs.
Para ele, essa guerra jamais deveria ter sido iniciada.
Em entrevista ao Washington Post de 1 de março, ele justificou sua posição: “Os afegãos morreram numa guerra que não é nossa”.
Explicou que a guerra foi travada “…pela segurança dos EUA e dos interesses do Ocidente.”
A comparação entre as baixas dos exércitos aliados não é de deixar nenhum afegão muito satisfeito: morreram 4 vezes mais soldados do Afeganistão do que das forças da NATO. Mais exatamente: 13.729 contra 3.400.
Karsai encerrou assim sua entrevista ao Washington Post: ‘”Mando ao governo americano minha raiva. Minha extrema raiva.”