Se a morte de Chavez foi muito sentida pela maioria do povo venezuelano, houve quem não ficasse nada triste.
Além dos tradicionais adversários, Obama viu vantagens no evento: poderia inaugurar um novo relacionamento com os americanos, declarou.
Não acho muito possível, a menos que ele, Obama, esteja disposto a mudar de atitude em relação à Venezuela.
A outra hipótese, vitória da oposição, me parece remota.
Nicolás Maduro, o provável candidato do socialismo bolivariano, pode não ter o carisma, mas tem o legado de Chavez em favor de sua candidatura.
Nos seus 14 anos de governo, Chavez promoveu uma verdadeira revolução com para elevar radicalmente a qualidade de vida do seu povo.
E isso foi conseguido: a renda per capita cresceu de 4.105 dólares para 14.500 dólares; a pobreza caiu de 54% da população para 29% e a miséria de 23,4% para 8%; o poder de compra das classes D e E aumentou em 150%; o desemprego foi de 14,5% para 7% e a Venezuela tornou-se o país com menor desigualdade social da América Latina.
Chavez não esqueceu de investir na saúde e na educação, obtendo bons resultados: mortalidade infantil caiu de 23 em 1.000 crianças para 10 em 1.000; as mortes causadas pela má nutrição diminuíram em 50% e o analfabetismo foi totalmente erradicado.
Mas, no quesito “respeito aos princípios democráticos”, Chavez não tirou nota 10.
A Human Rights Watch censura “políticas discriminatórias que restringiriam a liberdade dos jornalistas.”
Com Chavez, o poder executivo exerceu demasiada influência sobre o judiciário, embora amparado em leis constitucionais aprovadas pelo povo em referendo.
Mas, convém não esquecer que o que aconteceu na Venezuela foi uma revolução. E é muito difícil fazer uma revolução sem um certo grau de arbitrariedades.
Nas eleições do sucessor de Chavez, o povo venezuelano dificilmente deixará de preferir o candidato associado a quem lhe trouxe uma vida melhor.
Por isso, Maduro deve ganhar.
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