O exército dos EUA repetiu no Afeganistão uma ideia que deu certo no Iraque: fazer com que insurgentes mudassem de lado, mediante pagamento. Com isso, uma grande quantidade de ativistas sunitas, que, aliás, já estavam indignados com as barbaridades dos seus aliados da Al Qaeda, passaram a lutar a favor dos americanos.
No Afeganistão a ideia foi aperfeiçoada: além de dinheiro, oferecia-se emprego no governo aos afegãos que topassem largar as armas e apoiar a legalidade.
Estabelecido em 2010, o “Programa Afegão de Reconciliação e Paz” começou muito bem. Logo centenas de outrora furiosos guerreiros pró-Talibã alistaram-se nas fileiras do governo. Vieram atraídos pelo estipêndio mensal de 75 dólares, mais treinamento profissional para poderem ocupar variados cargos.
Mas rapidamente o programa começou a fazer água. A burocracia e a corrupção do governo de Kabul entrou em ação e, de repente, os convertidos à democracia passaram a não receber nada: nem dinheiro, nem treinamento, nem emprego.
Resultado: agora esses novos afegãos do bem e suas famílias estão decididos a voltar às fileiras dos talibãs, em busca de uma vida melhor. Muito perigosa, é verdade, mas, pelo menos, com refeições grátis.