Victoria Nuland, secretária assistente do Departamento de Estado, ficou mundialmente conhecida quando mandou a Europa se f… em conversa telefônica com o embaixador dos EUA.
Ela estava p… da vida com a moderação da atuação européia na crise ucraniana.
Agora, ela falou de novo, desta vez com menos, digamos, entusiasmo, apelando pelo fim do que chamou de “terror” nas regiões rebeldes.
Acredito que está havendo um certo abuso no uso desta expressão.
Ninguém discorda que sejam terroristas a Al Qaeda, os talibãs e grupos similares.
O mesmo não diria, por exemplo, da revolução síria, da Irmandade Muçulmana, do governo líbio, do Hamas e dos separatistas ucranianos, alvo das flechas da sra.Noland.
O presidente Assad rotula todos os rebeldes como terroristas. Muitos deles de fato são, mas os iniciadores da revolução, que formam o Exército Nacional Sírio, tem posições claramente liberal-democratas.
Do mesmo modo, é injusto considerar a Irmandade Muçulmana terrorista, como a ditadura egípcia faz. Essa acusação é usada para justificar a repressão brutal imposta pelos militares do país à oposição.
O general Haftar, que tenta derrubar o governo da Líbia, imita seus colegas egípcios. Também diz que seu objetivo é salvar o país do terrorismo muçulmano. No momento, o primeiro-ministro líbio é membro da Irmandade Muçulçmana, livremente eleito pelo Congresso. Como em todos os países do Magreb, ela nada tem de radical.
Por sua vez, o Hamas, na lista dos EUA e da União Européia dos movimentos criminosos, abandonou o terrorismo há muito tempo. Pelo menos desde que assumiu o poder (em eleições democráticas) na Faixa de Gaza.
Quanto aos separatistas ucranianos, a sra.Noland não tem motivos para julgá-los com tanta severidade.
Seria mais adequado chamar de “terroristas” os grupos ligados ao governo de Kiev que incendiaram um edifício cheio de adversários, matando a tiros os que tentavam escapar.
Forçando um pouco a barra, até alguns países, mesmo democratas, poderiam eventualmente ser incluído nessa relação de foras da lei que estamos focalizando.
Como Israel, pelo assassinato de vários cidadãos de países inimigos, executados no estrangeiro pelo Mossad.
Indo ainda mais além, talvez coubesse citar um intelectual judeu de respeito, Noam Chomsky.
Para Chomsky :”O melhor meio dos EUA combaterem o terrorismo é deixarem de ser um dos principais terroristas do mundo.”