Síria: sem Assad não pode haver acordo.

Prossegue a campanha de Hillary Clinton e seus aliados do governo conservador do Reino Unido e do socialista da França para demonizar a Rússia, culpando-a pelo impasse na Síria.

Os vetos à resolução que dava prazo para Assad parar de usar armas pesadas, sob pena de sofrer as conseqüências, teriam fechado o caminho da paz.

Os russos agiram assim por temer que essa resolução abrisse caminho a nova intervenção militar.

Como a Síria não é a Líbia, a resolução vetada levaria o país para o caminho de uma guerra ainda maior, não da paz.

Não há dúvidas de que a Rússia está fornecendo armas ao governo de Assad, assim como o outro lado faz o mesmo para os rebeldes.

Também não se discute que o governo de Damasco tenha cometido barbaridades, conforme o atesta a Human Rights Watch, que é uma ONG com credibilidade.

Mas não tanto quanto os líderes do Ocidente e a grande mídia noticiam, que aceitam informações altamente suspeitas dos inimigos do regime, várias, inclusive, desmentidas por importantes jornais dos EUA e da Alemanha.

A Oposição, por sua vez, não é formada somente por good guys, a Al Qaeda não se enquadra nessa categoria. E o recente assassinato do grupo de ministros sírios não foi nenhuma ação humanitária.

A própria Human Rights Watch, que condena duramente os abusos do governo Assad, enviou uma carta ao líder da facção rebelde, o Conselho Nacional Sírio (SNC), denunciando que suas forças estavam cometendo atentados contra os direitos humanos, como raptos, torturas e execuções sumárias de civis.

Posto que os dois lados tem culpa no cartório, carece de sentido a exigência de Obama, repetida por Hillary e governos fiéis, que Assad não pode mais governar pois perdeu sua legitimidade.

Por causa dela, a missão de paz de Kofi Anam ficou comprometida.

Estimulada pelas declarações de Obama e aliados, a oposição recusa-se a negociar com o governo.

Assad topou, afinal ele sabe que, com o apoio do Ocidente e dos países do Golfo, a guerra civil não tem prazo para acabar.

Mas, como diz o ditado inglês, “it takes two to tango”, e, sem a oposição, não tem diálogo.

Como você vê, não foi o plano de Kofi Anam que fracassou.

Ele sequer começou.

Enquanto o objetivo dos EUA e sua base aliada for a queda do regime Assad, a paz continua longe, muito longe. O exército legal é poderoso, tem muita gordura pra queimar.

É hora dos nossos grandes estadistas democratas mudarem de objetivo.

Pensarem na Síria. E não no seu desejo de derrubar um aliado do Irã.

Terão de mudar sua atitude em relação aos rebeldes.

Fazerem pressão, ameaçarem não enviar mais armas caso não topem dialogar com Assad.

Os rebeldes provavelmente vão chiar barbaridades, mas terão de ceder.

Acabarão sentando-se à mesa de negociações com seu inimigo.

Dificil prever o resultado.

Mas não vejo outro jeito de se conseguir a paz.

 

 

 

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