Para o governo americano, o ISIS é o grande inimigo a ser derrotado.
Por isso mesmo, os EUA parou de ajudar militarmente os rebeldes moderados anti-Assad, concentrando-se na guerra aos fanáticos fundamentalistas.
Mas a Arábia Saudita e o Qatar pensam diferente.
Suas prioridades são outras.
Enfraquecer o Irã vem em primeiro lugar.
Eles continuam empenhados em derrubar Assad, atingindo assim o Irã, aliado próximo do governo de Damasco.
Só que agora foram por um caminho tão inesperado quanto perigoso.
Em Anti-War de 25 de maio, o jornalista investigativo Gareth Porter relata informações de fonte na família real saudita, atuante nas áreas de defesa e segurança, de que a Arábia Saudita e o Qatar passaram a apoiar decididamente grupos jihadistas.
Tendo desistido de ajudar os moderados, por sua comprovada ineficiência, fizeram uma, digamos, bizarra aliança com o Jabbat al- Nussra – representante da Al Qaeda na Síria, e o Ahrar al-Sham –que é influenciado (talvez controlado) pela Al Qaeda.
A Arábia Saudita e o Qatar fornecem 40% dos armamentos e fundos necessários à guerra, ficando 60% por conta dos jihadistas, recursos que eles devem suprir, através da captura de cidades inimigas.
A nova coalizão já está em ação na província de Idlib, tendo tomado sua capital em 28 de março. E ameaça conquistar toda a região.
Má notícia para o governo Assad que, além de perder metade do território sírio para o ISIS, tem de enfrentar uma força aguerrida e fartamente armada pelos sauditas e qatarianos.
Má notícia também para o governo Obama, que vê Al Qaeda com chance de assumir papel dominante numa possível queda do governo sírio.
Sua reação, pelo menos por enquanto, limitou-se a expressar receios à Arábia Saudita e o Qatar de que a Síria sem Assad pudesse cair nas mãos de grupos terroristas.
A razão é muito clara.
Obama põe em primeiro lugar a paz com o Irã.
Empenhado em conseguir que a Arábia Saudita e as outras monarquias do Golfo aceitem o acordo nuclear com os aiatolás, ele parece disposto a engolir os mais variados tipos de sapos.