Réus querem processar vítimas.

Quando os palestinos ganharam o reconhecimento da ONU como Estado não- membro, ganharam também o direito de processar Israel no Tribunal Criminal Internacional (ICC).

Era uma arma poderosa, a única que, na verdade, dispunham para forçar os israelenses a aceitarem sua independência.

O presidente da Autoridade Palestina, Mamoud Abbas, sujeito fraco, hesitava usá-la.

Pressionado, acabou tomando uma decisão e a revelou a Obama na meteórica passagem do presidente americano pela Palestina ocupada.

Iria dar 3 meses para Netanyahu concordar com um stop na onda de novos assentamentos.

Nada acontecendo, então, a Autoridade Palestina iria levar dirigentes de Israel e do seu exército às barras do tribunal do ICC, em Haia.

Menos, respondeu Obama, nem pensar nisso.

Abbas deveria ficar quieto e esperar que os EUA conversassem com Bibi e o convencessem a fazer concessões para as negociações de paz começarem logo.

Apesar de estar há 20 anos esperando que essas negociações resolvessem alguma coisa, Abbas, cedeu, disse que ia atender a Obama.

Mas, israelenses não esperaram.

A Ong “Aterrorizando o Terrorismo”( Shurat HaDin) iniciou uma campanha, recolhendo denúncias de vítimas de atentados terroristas para processar Abbas e dirigentes do Fatah no ICC, responsabilizando-os por tudo.

“Nosso objetivo é evitar esta ação (processamento de dirigentes e militares de Israel) pela Autoridade Palestina.”

Através de centenas, talvez milhares, de queixas, o Shurat  planeja inundar o tribunal de Haia com processos contra Abbas e colegas, e assim impedir que eles coloquem os israelenses nos bancos dos réus.

Isso pode ser qualificado como uma autêntica chicana,porém, de efeito duvidoso.

Afinal os dirigentes da Autoridade, todos eles moderados e adversários de ataques armados, nada tem a ver com os atentados terroristas.

Já Bibi e ministros tem responsabilidade direta na construção de assentamentos, ilegais para o direito internacional, e nas brutalidades e do exército israelense e das polícias secretas, ordenadas ou permitidas por eles.

Resta saber qual será a reação de Abbas.

Provavelmente, nenhuma.

Continuará esperando por Obama, embora ele tenha sempre lhe faltado.

A menos, é claro, que a pressão do povo palestino seja mais forte do que a inesgotável paciência do seu principal dirigente.

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