Representantes discordam dos representados.

Estranha a democracia americana.

Nesse tipo de regime, as pessoas elegem seus representantes para governarem a nação em nome delas, dos seus ideais.

Nos EUA, a “democracia das democracias”, os eleitos defendem posições muitas vezes contrárias às do povo que os elegeu.

É o que mostra Scott Rassmussen em seu livro The People´s Money, com base em recentes pesquisas de opinião.

Ele começa lembrando que, especialmente nos governos Bush e Obama, os veículos de comunicação e os políticos constantemente alertam o povo contra as ameaças que vem do Irã, dos árabes, da China, da Al Qaeda,etc-

Apesar desse bombardeio diário e assustador, as pesquisas mostram que, para 82% da população, a ameaça maior é a economia entrar em pane.

A  maioria dos parlamentares republicanos, e mesmo muitos democratas, acham que o governo deve cortar todo tipo de despesa, com exceção das militares.

Apenas 35% dos eleitores concordam com eles.

O papel imperial, assumido pelos EUA há muito tempo, e cultivado cuidadosamente por Bush e Obama, é rejeitado pela população em todas as suas facetas.

Atualmente, o governo americano tem compromissos com a defesa de 56 nações.

É demais, diz o povo; bastam 12.

Destas 12, as 3 preferidas são Canadá (80%), o Reino Unido (74%) e a Austrália (65%).

Israel, com quem os EUA gasta 3 bilhões de dólares anualmente, além de defender todas as suas causas, mesmo as injustas, o que lhe garante a inimizade de todos os países árabes, vem em 4º lugar com 60%, praticamente empatado com a Coreia do Sul (59%) e as Bahamas (58%).

Pela série de leis que o Congresso vem aprovando em defesa dos interesses do governo israelense e contra o Irã e os palestinos, deduz-se que os parlamentares põem Israel em 1º lugar, opinião não compartilhada por seus eleitores.

Coerentemente com sua rejeição ao império, o povo americano, por grande maioria (75%) não quer suas tropas estacionadas no exterior, a não ser por interesses vitais da segurança nacional. Vetaria, por exemplo, as bases americanas que existem em diversos países da Europa. Mesmo na Austrália e no Japão, não sei que “interesses vitais da segurança nacional” justificariam a presença americana.

Apenas 11% aprovam os EUA como “polícia do globo”. Grande maioria, portanto, não deve ter visto com bons olhos a intervenção americana na guerra da Líbia.

Pesquisa da Fox News Polls mostrou que 78% era contra a participação dos EUA na guerra civil da Síria, sendo que 64% não admitiam nem que se armasse os rebeldes.

O unilateralismo que Bush praticou escancaradamente e Obama está praticando disfarçadamente (novas sanções contra o Irã, por exemplo), é amplamente rejeitado, quando 60% afirmam que o país deve atuar na área externa somente em conjunto  com entidades internacionais como a ONU.

Em suma, o povo americano quer que o governo cuide mais do país e esqueça o sonho (ou pesadelo) da “América governando sabiamente o mundo”, conforme defendem os neoconservadores que inspiraram o governo Bush.

Essa posição do povo não é compartilhada pelos legisladores, e nem mesmo por Barack Obama.

Talvez por isso, a mais recente média tirada de todas as pesquisas políticas feitas nos EUA mostra um profundo desencanto da população em relação a seus representantes.  Nada menos do que 80,8% reprovam seu trabalho, contra insignificantes 12,45% que se dizem satisfeitos.

Os congressistas americanos deveriam pelo menos refletir sobre esses dados uma vez que, supõe-se eles foram eleitos para atuar de acordo com o pensamento dos seus eleitores.

O próprio Obama não tem se saído muito bem nas pesquisas de opinião.

48,5% positivos x 46,5% negativos é um resultado que não dá para celebrar.

Comparando com Romney, seu provável adversário nas eleições presidenciais, a situação é um pouco melhor: 47,9% x 43,4. Mas, só um pouco, considerando a fraqueza do candidato republicano.

É certo que a crise econômica cria um clima de pessimismo e negativismo que forçosamente influencia a avaliação dos políticos pelos eleitores.

Mas há algo de errado numa democracia na qual o povo pensa diferente dos seus representantes, nas questões mais importantes para o bem estar nacional.

 

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