Em pesquisa Google (Antiwar, 3 de agosto de 2017), a maioria do povo americano rejeitou lei que criminaliza o Boycott Israel (BDS).
Esse movimento propõe o boicote dos produtos e serviços israelenses, além de contatos científicos, culturais, artísticos e esportivos, enquanto continuar a ocupação da Palestina e a expansão dos assentamentos.
O Boycott Israel cresce em todo o mundo, especialmente na Europa e nos EUA.
O governo de Telaviv vem desenvolvendo uma forte campanha para deter a expansão desse movimento nos EUA. Nesse país, organizações pró-Israel, especialmente a AIPAC, encontraram em parlamentares dos dois partidos um ambiente favorável às reesrriçõe de Israel em relação ao boicote.
A criminalização do movimento é o objetivo de uma lei federal que está correndo pelas comissões da Câmara e deve ser votada brevemente. Ela condena a até 20 anos de prisão, mais multa de um milhão de dólares a pessoas, entidades e seus representantes cujas ações estimulem algum boicote de Israel ou dos produtos dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Josh Ruebner, da Campanha pelos Direitos dos Palestinos informa que: ”Ela (a lei anti-boicote) ainda criminaliza até quem solicita ou informa sobre o Boycott Israel e proíbe empréstimos, através do Export-Import Bank, a firmas que se atrevam a recusar negócios com corporações baseadas nos territórios ocupados pelos assentamentos
Além de contrariar os princípios de liberdade da constituição americana, essa lei é ilegal pois defende o comércio dos assentamentos, que são condenados pelas leis internacionais e pelo Conselho de Segurança da ONU. E vai mais longe nesse mau caminho: exige que os EUA coloquem o boicote a Israel no patamar mais alto das ameaças à segurança de Washington, como uma “emergência nacional “, conforme dispõe o International Emergency Economic Powers Act.
Se a lei anti-boicote for aprovada, os EUA terão de vigiar entidades interessadas no BDS, tais como a União Europeia e as Nações Unidas.
Como se vê esta lei coloca os interesses de Israel acima de direitos individuais e de leis internacionais. E quanto aos interesses dos americanos? Também são contemplados?
O povo americano acha que não.
Pesquisa Goodle submeteu a lei anti-boicote à população e o resultado foi claro : 69% dos americanos manifestaram-se contra sua aprovação. Apenas 25% declararam-se favoráveis.
Houve uma considerável diferença em relação ao revelado por pesquisa Google similar, de março de 2016, quando a maioria das pessoas- 62,1%- mostrou-se indiferente em relação à questão.
Levando em conta os resultados desta e de outras pesquisas anteriores, creio estar se formando uma tendência contrária ao tradicional apoio unânime aos interesses de Israel, vigente nos EUA.
Vamos citar mais duas outras pesquisa, que vistas em conjunto com a pesquisa sobre o BDS, projetam uma tendência em processo de definição.
Em dois de dezembro do ano passado, o The Times Of Israel publicou os principais pontos revelados em pesquisa do Brooking Institute.
A defesa das sanções contra os assentamentos de Israel cresceu 9% em um ano, sendo que 46% dos americanos os condenaram. Em fins de novembro de 2016, 60% dos eleitores do Partido Democrata declararam-se a favor das sanções, enquanto, há um ano atrás, eram apenas 49%.
Até entre os republicanos aumentou o número das pessoas pró- punições a Israel. 31%, em 2016 contra 26%, em 2015.
46% dos respondentes revelaram ser favoráveis a ação do então presidente Obama, pressionando Israel para reiniciar negociações de paz com os palestinos. Apenas 27% eram contra, enquanto 25% optaram pela indiferença.
Em setembro de 2016, outra pesquisa da Google Surveys propunha a seguinte questão: “Nos termos de um pacote de ajuda no valor de 38 bilhões em 10 anos, conseguido para Israel por seu lobby, Israel começou a receber os primeiros dos caças F-35 prometidos, cada um no valor de 100 milhões de dólares. Concorda. ”
Veja como os americanos responderam: 62% se opuseram; 35% apoiaram; 3% não se manifestaram.
Estas e outras pesquisas nessa mesma linha parecem demonstrar que as coisas estão mudando nos EUA, num sentido um tanto desinteressante para Telaviv.
Não quero dizer que os americanos estão gradualmente abandonando Israel. O apoio continua, somente tende a ser crítico. Não é mais nos termos do fla-flu. Cada vez mais, cada caso começa a ser julgado pelo que significa em si. O fato de estar associado aos interesses de Israel, parece não estar mais condicionando a maioria das opiniões.
Não é como torcedor de futebol, para quem seu time, é sempre “o maior”, mesmo quando não está jogando nada.
Que sirva de lição aos políticos americanos que costumam votar de olhos fechados, sempre a favor do que Telaviv.
Persistindo, eles contarão sempre com os favores da AIPAC e outras instituições americanas pró-Israel.
Mas se arriscam a perder muitos votos e, talvez mesmo, sua eleição.
Pode ser perigoso ir contra a vontade do povo.