Parece que o povo inglês não está nada feliz com o governo conservador do primeiro- ministro Cameron.
Em pesquisa da ICM Research, de fevereiro, 41% dos entrevistados declaram que votariam nos trabalhistas do Labour, nas próxima eleições, em 2015.
Já os conservadores ficaram 12% atrás, com seus mesquinhos 29%, enquanto os liberais, cada vez mais fracos, ganharam apenas 13%.
Os trabalhistas não foram bem na questão relativa aos culpados pela crise econômica.
Continuam num indesejável primeiro lugar, com os mesmos 29% que tinham na pesquisa anterior, em maio de 2012, devido “aos déficits e gastos dos governos trabalhistas”.
Os conservadores ainda levam nota melhor nesse quesito – 23% – se bem que bem pior do que os 17% obtidos anteriormente.
16% relatam os problemas econômicos aos da Zona Europeia, dado melhor do que os 24% de maio. O que demonstraria um movimento do público inglês de apoio à integração na Europa.
Os banqueiros “que se recusam em fazer empréstimos a empresas que desejam investir” são os grandes culpados da crise inglesa para 24% dos respondentes, segundo a pesquisa.
Embora ainda faltem 2 anos para as eleições inglesas, o fato é que desde o primeiros meses do governo Cameron,o povo inglês mostrou-se decepcionado.
Os cortes na educação e na saúde pegaram muito mal.
Os trabalhistas que construíram seu sucesso sobre as reformas por eles promovidas nesses setores, souberam aproveitar o mal estar popular em seu favor.
E vem, a cada pesquisa, crescendo nas pesquisas.
O mestre Alfredo Carmo costumava dizer que, em matéria de pesquisas, quando uma tendência se estabelece, dificilmente muda.
Parece que os trabalhistas ingleses estão chegando lá.
As pesquisas revelam uma inclinação expressiva a favor dos trabalhistas no cambiante pêndulo da política inglesa.
Como era de se esperar, os aproximadamente 1/3 que identificam os trabalhistas como os principais responsáveis pela crise atual são, em sua maioria, os conservadores e liberais mais empedernidos da Inglaterra.
É um contingente expressivo, não desprezeivel, no berço do capitalismo e do liberalismo modernos.
Excluídos um outro 1/3 (aproximadamente), formado por trabalhistas e esquerdistas de todo tipo, então em disputa o coração e o voto do outro “grande” 1/3, mais de 40% da população, formado na sua maioria por trabalhadores, estudantes, aposentados ou desempregados e profissionais liberais.
Que agora parecem inclinados a votar nos trabalhistas.
Mas, o Labour Party precisa demonstrar para que virá.
Para isso terá que abandonar alguns de seus dogmas, sem cair no engodo do neoliberalismo como fez o desastrado governo Tony Blair.
Neste sentido, a experiência francesa de Hollande, embora em curso e com percalços, parece ser uma referência muito mais adequada do que o percurso do liberalismo-envergonhado adotado pelos governos “trabalhistas” de Blair.
O trabalhismo inglês precisa se reinventar, atualizar suas agendas, suas propostas de enfrentamento da crise, assim como, conquistar a independência da Inglaterra em relação aos interesses dos EUA.
Há, pois, muito por fazer.
Será que conseguirá?
Ou fará mais um governo morno, no máximo conservador?