Na Arábia Saudita, a religião oficial é o salafismo, a mais radical e antiquada seita do islamismo sunita. A lei do país é a Sharia, o conjunto de leis e regulamentos do Alcorão, que datam do século 7, quando Maomé iniciou sua pregação.
As pessoas devem tomar muito cuidado ao envolver a religião na expressão dos seus pensamentos. Qualquer liberdade poética pode ser tomada como “ofensas” ao profeta ou “apostasia”.
Foi o que aconteceu com o jovem jornalista Hamza Kashgari, quando, na comemoração do aniversário do profeta Maomé, escreveu esta poesia no twiter: ‘Há coisas que eu amei em você e há coisas que odiei em você e há muitas coisas que eu não entendo em você. Não rezarei por você.”
Estas frases motivaram 30 mil indignados protestos pelo twiter. Uma página do Facebook intitulada “O povo exige a execução de Hamsah Kashgari” recebeu rapidamente 10 mil adesões.
Kashgari rapidamente desculpou-se, mas não adiantou.
Comitê formado pelos mais importantes clérigos, responsável por assuntos religiosos no reino, editou uma condenação chamando Kashgari de “apóstata” e “infiel” e exigindo seu julgamento em uma corte islâmica.
Segundo Abdullah, um advogado, “…desde que Kashgari é um adulto…não devemos aceitar menos do que a implementação de um julgamento de acordo com a lei do Islam.”
Num caso assim, a pena que essa lei prevê é a morte.