Há vários anos se fala num Oriente Médio livre de armas nucleares.
Em 2010, a idéia ganhou corpo quando os EUA a apoiaram na conferência do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NFT).
Surpreendentemente, menos de 24 horas depois, o Departamento de Estado voltou atrás expressando arrependimento.
Logo a seguir, o Presidente Obama explicou ter sido um erro já que Israel teria todo o direito de possuir armas atômicas.
Não disse porque, nem precisava…
Neste ano, na conferência do NFT, o representante da Rússia insistiu na necessidade da Agência de Energia Atômica da ONU (IAEA) promover uma reunião somente para discutir esse tema.
Uma idéia muito adequada ao momento em que o grupo dos P5+1e o Irã não chegam a um acordo sobre a existência ou não de um programa nuclear iraniano e Israel ameaça um ataque que detonaria uma guerra desastrosa para todo o mundo.
Proibindo-se a produção e estocagem de armas nucleares, esses graves problemas seriam afastados.
Assim não entendeu o governo de Israel que rejeitou a proposta russa, com os argumentos de que seria “irrealística” e “fútil”, e que o conceito de uma região livre de armas de destruição em massa não era aplicável ao Oriente Médio.
Segundo as pesquisas, o povo israelense é totalmente favorável à desnuclearização geral da região.
Não, porém, os “falcões!” que governam o país.
Israel é o único país do Oriente Médio que possui armas nucleares, entre 200 e 300. O que lhe dá imensa superioridade militar sobre todos os demais países da região.
Por isso mesmo, não pode admitir que o Irã venha um dia a ter um programa de armas nucleares.
Felizmente para o governo de Telaviv, Ahmadinejad levianamente falou que “Israel seria varrido do mapa.”
Diante do escândalo internacional, apressou-se a explicar que referia-se ao regime sionista, não ao país Israel. Assegurou também que isso seria uma fatalidade histórica não o resultado de um ataque iraniano.
Mas o mal estava feito.
Israel e seus amigos americanos tem uma ampla influência nos meios de comunicação internacionais que ignoraram as razões iranianas, limitando-se a apregoar a versão devastadora que interessa a Israel.
O que continuam fazendo, pelo menos em todo o Ocidente, apesar do próprio Kamenei, uma espécie de papa xiita, ter assegurado que usar a energia atômica para matar seria um terrível pecado, proibidíssimo pelo islamismo.
De qualquer modo, a Finlândia pretende promover uma reunião para discutir a desnuclearização do Oriente Médio em 2013.
Todos os países árabes já prometeram ir.
Resta a definição dos EUA e da Europa.
Como Israel provavelmente fará forfait, é duvidoso que os EUA decidam ir.
Vamos ver se ainda existe alguma independência dos países europeus em relação ao seu grande aliado americano.