Oportunismo não cede à razão.

Nem bem soube do desaparecimento dos três jovens israelenses, Netanyahu já acusou o Hamas, exigindo que Abbas rompesse com o grupo.

Foi pelo menos leviano, pois não dava tempo para ele poder conseguir provas.

O primeiro-ministro israelense garantia que os jovens teriam sido seqüestrados para serem trocados por insurgentes presos em Israel.

Depois de alguns dias foram apontados dois suspeitos, supostamente membros do Hamas, que haviam sumido de casa depois do dia do seqüestro.

O Hamas negou participação no ato.

Mas, Khaled Mehal, líder do Hamas no Qatar, congratulou-se com os supostos seqüestradores,  pois “nossos prisioneiros precisam ser libertados (numa troca) das prisões da ocupação”.

Recentemente, descobriram-se os corpos mortos dos três jovens. Os órgãos de segurança divulgaram informação de que um deles comunicara-se por telefone com um policial, dizendo-se seqüestrado.Em seguida, ouviram-se tiros.

A polícia deduziu que eles teriam sido assassinados alguns minutos depois de entrarem num carro.

O que mudou a percepção do ato.

A conclusão de um oficial de Israel na Cisjordânia, referida a jornalistas do Buzz On, publicada na edição online de 2/7 é : “O que nós sabemos é que provavelmente foi um ato oportunista. Os homens por trás dele podem ter laços com um grupo terrorista maior mas isso não tem a marca de uma operação complexa e bem planejada.”

Ora, o Hamas, um movimento organizado, jamais mataria um seqüestrado, logo após sua rendição, esquecendo o objetivo da troca por prisioneiros.

Acho que provavelmente os autores serão indivíduos enfurecidos pelas mortes de palestinos pelo exército de Israel. Que agiram para vingar algum companheiro preso ou morto. Ou buscavam retaliação pelas injustiças, humilhações e roubos de terras palestinas para os assentamentos.

Marwan Qawasmeh e Abu Aisha, os suspeitos,enquadram-se  nesse perfil psicológico.

O Buzz Free colheu opiniões sobre eles, nos meios que freqüentam.

São tidos como extremamente radicais e revoltados, o  Hamas os considera criadores de problemas (troublemarkers). Qawasmeh teria até se afastado desse  movimento.

O próprio EUA  alteraram sua posição a respeito.

Eles que, através de John Kerry, inicialmente concordaram que as evidências culpavam o Hamas pelo crime, adotaram discurso mais prudente.

Mary Harf, porta-voz da Casa Branca concedeu que “havia muitas indicações, como parte da investigação, de que o Hamas poderia ter estado envolvido.” Mas completou: ”Não estou, a estas alturas, dizendo que eles são os responsáveis.”

O jornal inglês The Guardian, cujos repórteres cobrem a Palestina, afirmou em 1 de julho que não havia evidências conclusivas da culpa do Hamas.

Finalmente, jihadistas de um novo movimento terrorista, seguidor do Estado Islâmico (ex-ISIL) o Bayt al Maqdis, assumiram a autoria do crime.

Além de lançamentos de foguetes partidos de Gaza e tiros contra soldados israelenses.

Em um site islâmico,  atacaram e ameaçaram Israel e também o Fatah e o Hamas, considerando-os “organizações humilhadas”, com líderes que venderam a religião em benefício da política.”

Esses fatos em conjunto são evidências a favor da inocência do Hamas.

Acresce que ele não teria nenhum motivo para agredir Israel agora.

Vem mantendo um cessar fogo que dura anos, com o apoio da população de Gaza.Em recente pesquisa, 70% dela declararam-se a favor de  que esse cessar-fogo fosse mantido.

Já que as eleições em todo o território palestino será em breve, o Hamas tem todo interesse em se identificar com os desejos dos eleitores.

Tendo ordenado uma busca dos jovens e uma caçada sem tréguas dos membros do Hamas, Netanyahu não quer admitir que suas acusações foram apressadas.

Prosseguem as buscas de casa em casa, nas quais   já prenderam 400 palestinos, sendo mais de 40 membros do Hamas, e mataram sete civis, inclusive três adolescentes, levando o terror a toda região de Hebron e províncias vizinhas e estimulando ódio e vingança.

Além dos habituais bombardeios que em qualquer incidente são lançados contra Gaza. Desta vez, foram 34 somente no primeiro dia.

Obama  pediu moderação. A ONU preveniu que o aumento de mortes na Cisrjodânia era alarmante. Israel precisaria “evitar punições de indivíduos por crimes que eles pessoalmente não cometeram.”

E um grupo de direitos humanos israelense, o HaMoked Centre denunciou que para as leis internacionais e judaicas “uma pessoa inocente não pode ser punida pelos atos dos outros”.

Nada disso abala Netanyahu na sua determinação de impor severos castigos aos suspeitos e a quem ele acusa de participação no crime.

Acresceu ainda a punição das famílias dos    suspeitos.

Foi restaurada a demolição das suas casas (interrompida em 2005) pelo exército de Israel,largamente condenada pela ONU.

Empenhado em destruir o Hamas e a unificação dos movimentos palestinos, Netanyahu é surdo à razão.

Enquanto isso, adubado pelas suas acusações e violências,  vicejam as vinhas da ira na Palestina.

Com os piores resultados para judeus e árabes.

 

 

 

 

 

 

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