Longe vão os tempos em que o governo de Israel justificava novos assentamentos como sendo meras construções já autorizadas.
Telaviv interessava-se em provar seu cumprimento da promessa de não criar muitas novas unidades durante o prazo das negociações com os palestinos.
Nos meses seguintes, cerca de 2.000 novos assentamentos desmentiram essa promessa. Hoje, ninguém mai se lembra dela.
Por isso, aparentemente o anúncio de nova rodada de expansão deveria passar praticamente em branco.
Desta vez, porém, foi diferente: 212 das unidades se localizam em assentamentos isolados, fora da área dos grandes assentamentos que Israel já anunciou querer manter.
Portanto, fica claro que as pretensões de Telaviv são inimagináveis, muito mais amplas do que o declarado. Não dá para confiar na sinceridade de Netanyahu quando se diz disposto a aceitar a criação de uma Palestina independente e viável.
A ONG israelense “Paz Agora” protestou, salientando a incoerência em se construir assentamentos em áreas que no futuro não devem fazer parte do território de Israel.
Além de ser mais um grande obstáculo levantado contra o processo de paz.
Que aliás segue claudicando: conforme o jornal israelense Maaraiv John Kerry, o secretário de Estado dos EUA, apresentou uma fórmula para a volta de um certo número de refugiados palestinos, expulsos durante a guerra de independência de Israel, em 1948.
Netanyahu rejeitou. Também nesse caso ele é absolutamente intransigente.
Como se fosse uma compensação, propôs o congelamento de alguns novos assentamentos, em troca do adiamento do prazo para conclusão das negociações de paz.
Será a vez dos palestinos dizerem “não”.
Eles sabem que o adiamento visa ganhar mais tempo para Netanyahu promover mais assentamentos, criando mais fatos consumados.
E assim dificultar o já difícil encontro de uma solução para a questão palestina.