Na omissão do Governo, vítimas dos drones vão à Justiça.

Desde 2004, o Governo americano já promoveu 322 bombardeios por aviões sem piloto- os drones – sobre a região do Paquistão fronteira ao Afeganistão.

Obama considera-os uma arma das mais eficientes para matar talibãs. E extremamente precisa.

Segundo John Brennan, seu assessor de contra-terrorismo, os danos colaterais seriam mínimos, raríssimas as mortes de camponeses inocentes.

Nem tanto. Segundo o Birô de Investigação de Jornalismo da Inglaterra, eles já mataram entre 479 e 821 civis inocentes. As organizações de direitos humanos locais falam em cerca de 2.000.

Deputados, chefes militares, ministros e até o Presidente paquistanês cansaram de protestar contra os bombardeios dos drones sobre seu país.

O Parlamento em 3 ocasiões emitiu resoluções, exigindo que fosse proibido que os EUA continuassem bombardeando território paquistanês. Tanto por razões humanitárias, quanto de defesa da soberania nacional.

Na última vez, o Primeiro Ministro Gilani, emocionado, garantiu que isso seria cumprido.

Mas, Obama respondeu que nada feito, que os drones eram importantes para a guerra contra o terrorismo.

E eles continuaram a bombardear e matar inocentes no Paquistão.

Já que o Governo falhou, as vítimas resolveram agir.

Na semana passada, o advogado Shahzad Akbar entrou com um processo na Suprema Corte do Paquistão, em nome de parentes de 50 pessoas, mortas por ataques de drones , em 17de março de 2011, no Norte do Waziristão.

O processo solicita que o Governo categorize os ataques como crimes de guerra e apele ao Conselho de Segurança e ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e à Corte Internacional de Justiça para proibi-los.

“Queremos saber se o Paquistão consentiu ou tacitamente aprovou os ataques de drones. Ou se ele tem um acordo com o governo dos EUA. Caso isso aconteça, queremos que seja alvo de um escrutínio judicial,” declarou o advogado Akbar.

Conforme ele declara, caso os EUA se recusem a interromper os bombardeios, o Paquistão deveria reduzir suas relações com os EUA; expulsar o embaixador americano de Islamabad; chamar de volta o embaixador paquistanês em Washington; requerer que a ONU enviasse um relator especial para investigar o assunto e proferir um parecer legal; exigir reparações para todas as vítimas e, se os vôos mortais não pararem, derrubar os drones.

O caso parece claro.

É muito estranho que os EUA bombardeiem um país aliado, como o Paquistão é.

Em termos de direitos humanos, não se pode aceitar o uso de uma arma que esteja tirando a vida de civis inocentes, apesar de sua apregoada “precisão cirúrgica”.

Em termos de direito internacional, o espaço aéreo paquistanês é parte do território nacional.

Os drones de Obama só poderiam invadi-lo com autorização do Paquistão.

Pelo jeito, ela existe, e o Governo não tem coragem, ou interesse, ou os dois, em negá-la.

Caberá à Justiça paquistanesa resgatar a honra nacional e retirar a permissão para os EUA seguirem bombardeando um país amigo e seu povo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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