Os militares egípcios deram mais um passo no caminho da ditadura.
Querem impor uma lei que praticamente impede manifestações contra o governo.
Ela dispõe que qualquer reunião de 10 ou mais pessoas precisa de licença da polícia, solicitada com 3 dias de antecedência. Nomes, endereços e reivindicações devem ser fornecidos.
Caso uma manifestação aconteça sem autorização, a polícia poderá dispersá-la com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Os que não obedecerem serão presos, processados e sujeitos a penas de até 7 anos de prisão.
Como as forças de segurança jamais darão permissão a demonstrações de oposição, conclui-se que o objetivo do governo é acabar com elas de uma vez por todas.
Os militares não querem que se reproduzam eventos como as gigantescas concentrações populares da praça Tahir, que já derrubaram dois governos (Mubarak e Morsi).
Protestos contra essa lei autoritária se espalharam por todo o país.
O governo tratou de a usar, prendendo pelo menos 70 pessoas, inclusive grupos de cidadãos que passavam inadvertidamente em frente à sede do Conselho Shura (Senado).
19 associações de direitos humanos egípcias condenaram os militares, afirmando: ”O projeto de lei procura criminalizar todas as formas pacíficas de reuniões, incluindo demonstrações e reuniões públicas, e dá ao estado mãos livres para dispersar reuniões pacíficas com uso de força.”
Mas a condenação mais severa que o regime militar sofreu, partiu do conselho de personalidades, escolhidas a dedo, para elaborar uma constituição favorável a ele.
Seus membros suspenderam o trabalho em protesto contra as prisões em massa de manifestantes.
Cresce o desencanto dos líderes seculares diante do golpe militar que apoiaram, pensando estar defendendo a democracia supostamente ameaçada pela Irmandade Muçulmana.