Hamas: limpando a barra com o Ocidente.

No ano passado, o Hamas rompeu antiga aliança com o regime de Assad, retirando sua representação em Damasco.

Agora, acaba de tomar mais duas atitudes muito bem vistas no eixo Washington, Londres e Paris.

Primeiro: anunciou a criação de uma força de 600 policiais com a função de patrulhar as fronteiras de Gaza para evitar o lançamento de foguetes contra o território de Israel.

Esses artefatos, quase sempre, são improvisados e caem em terrenos vazios, não causando danos.

Apesar disso, e de saber que os autores são pequenos movimentos radicais não ligados ao Hamas, Israel põe a culpa nele.

E retalia sempre de forma dura, bombardeando a faixa de Gaza e matando muitos civis.

Com a nova força policial, o Hamas espera não dar mais pretextos para sofrer ataques israelenses e, ainda, melhorar sua imagem junto ao Ocidente.

Talvez conseguir ser retirado da lista de terroristas dos EUA e da Europa, podendo assim receber ajuda econômica dos países ocidentais.

Impedindo o lançamento de foguetes e tendo parado de praticar atentados há bastante tempo, não haveria porque continuar sendo rotulado como um movimento fora da lei.

Mas o Hamas fez mais para se promover junto ao Ocidente: apelou para que o amigo e aliado Hisbolá saísse da guerra da Síria, abandonando as forças de Assad.

Nada poderia agradar mais Obama, que acaba de decidir fornecer armas para o exército rebelde sírio.

Claro, o apelo do Hamas não terá efeitos práticos, o Hisbolá vai continuar lutando em defesa do regime.

Mas a frente anti- Assad poderá se apresentar como representativa de todas as forças do mundo islâmico: as monarquias pró- EUA, como Arábia Saudita, Qatar e Kuwait- os moderados Egito e Turquia e, agora, os, digamos, esquerdistas, do Hamas.

O que permitirá aos EUA, França e Reino Unido negarem que sua atuação contra Assad represente uma intervenção no estilo do velho colonialismo.

Embora favoreçam países do Ocidente, as manobras dos governantes de Gaza tem tudo para lograr um êxito apenas relativo.

Possivelmente, a minimização do lançamento de foguetes de Gaza para territórios israelenses evitará novos bombardeios israelenses.

O Hamas poderá ganhar algum apoio político e econômico a mais por parte da Turquia, Egito, Qatar e emirados do Golfo.

No entanto, provavelmente será mantido na lista negra do terrorismo internacional.

Israel vai se opor frontalmente à sua absolvição, pois o Hamas, apesar de suas atitudes espertas, continua o inimigo de sempre.

E nas questões da Palestina, os EUA costumam seguir as orientações de Telaviv.

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