De acordo com os Acordos de Oslo, pescadores palestinos estão autorizados a pescar numa área que vai até 20 milhas do litoral de Gaza.
Mohamed Al-Bakri, Gerente Geral dos Comitês da União de Trabalho Agricultural em Gaza, nota que na prática é diferente: “A Marinha de Israel ataca os pescadores, prende-os e confisca seus barcos, mesmo dentro de uma faixa de 3 milhas.”
Ignorando as 20 milhas de Oslo, Israel fixou unilateral e ilegalmente em 3 milhas o limite que os pescadores da região não podem ultrapassar.
Com isso, mais de 85% das águas piscosas de Gaza se tornaram inacessíveis aos palestinos.
Para estabelecer seu limite de 3 milhas, as autoridades de Israel usaram de força letal contra os pescadores: disparos de metralhadoras, bombas, canhões de água e até seqüestros.
“Mais de 500 pescadores já foram presos e pelo menos 12 assassinados pela Marinha de Israel,” afirma Mohamed Al-Bakri.
Com mais de 3.600 pescadores e 70 mil pessoas cuja renda depende do mar, a pesca em Gaza tem sido dizimada pelas políticas israelenses.
“Quando não há renda, as pessoas dependem da ajuda alimentar das Nações Unidas”, explica Bakri.
“Mas há outras necessidades como habitação, roupa, cuidados médicos, educação…”
Aí a sobrevivência dos pescadores e suas famílias fica com prometida.
O mesmo acontece com os agricultores.
Israel impôs unilateralmente áreas restritas aos palestinos na Margem Oeste.
São zonas de tampão de 300 metros de extensão a partir das fronteiras norte e sul de Gaza, nas quais nem os agricultores, nem os civis palestinos podem entrar.
Na verdade, a ONU e várias ONGs internacionais tem documentado situações em que soldados israelenses atiram contra palestinos mesmo quando eles estão a cerca de 2 quilômetros de alguma fronteira.
Através de metralhadoras, bombardeios aéreos, ataques de drones, terra arrasada e incêndios de colheitas, o exército de Israel tornou mortas e inacessíveis um terço das terras palestinas agriculturáveis, de acordo com um relatório especial da ONU.
Os agricultores palestinos, apesar de continuarem sofrendo bombardeios , insistem em fazer plantações, pois é a sua única fonte de renda e de alimentação de suas famílias.
Como diz Charlotte Kane, advogada e membro de um grupo canadense de apoio aos palestinos: “Este aspecto particular do bloqueio é especialmente dramático, porque quando uma sociedade é despojada de sua capacidade de pescar e plantar, ela é despojada de sua capacidade de se manter. É parte de uma contínua Nakba (expulsão dos palestinos na fundação do estado de Israel/1948) e parte de uma limpeza étnica na Palestina.”