Enquanto os EUA e Israel condenavam a união Fatah-Hamas como algo hediondo, os europeus bateram palmas.
Em entrevista ao jornal israelense Haaretz (24 de abril) Michael Mann, porta-voz de Catherine Ashton, chefe de Relações Exteriores da União Européia, declarou: “A União Européia acredita que o acordo de reconciliação entre o Fatah e o Hamas é um importante passo em direção à solução dos dois Estados.”
O Conselho de Ministros europeus do Exterior já havia apelado várias vezes pela reconciliação entre os dois movimentos, rompidos desde 2006, e pela formação de um governo de conciliação, com princípios estabelecidos por Mahmoud Abbas em 2011: reconhecimento do Estado de Israel, não-violência e cumprimento dos acordos existentes.
Na mesma entrevista, o porta voz europeu afirmou: ”Mas a principal prioridade permanece sendo a continuação do processo de paz entre Israel e os palestinos.”
É exatamente o que Abbas, o Presidente da Autoridade Palestina, deseja, conforme deixou claro.
Por sua vez, Netanyahu já se colocou em posição totalmente contrária, ao declarar encerradas as negociações.
Foi peremptório: “Ou Hamas ou a paz.”
Possivelmente, os EUA se sentiram incomodados com a posição da Europa, normalmente fiel seguidora da Casa Branca.
Como podem opor-se a Israel, aceitando a transformação dos “terroristas” do Hamas em participantes do processo de paz?
Na verdade, não é de hoje que os europeus entram em desacordo com Israel, cansados com as repetidas violações dos direitos humanos e das leis internacionais por parte do governo de Telaviv.
Quanto aos EUA, a espionagem dos computadores e celulares de pessoas, empresas e até chefes de estado do Velho Continente deixou cicatrizes.
Perceberam que a Guerra Fria já acabou há muito tempo e, atualmente, o “tudo nos une, nada nos separa”, deixou de ser um axioma.