Depois do golpe militar com que depôs o presidente Morsi, democraticamente eleito, o general Sissi prendeu os principais opositores.
Aí então pôde confortavelmente marcar eleições que tiveram baixíssimo comparecimento mas o elegeram presidente.
“Uma nova era se abre para a democracia no Egito”, disse o secretário da Defesa John Kerry, talvez estimulado pelo Jim Beam.
A principal bandeira eleitoral do general Sissi foi eliminar a corrupção que dominava o país desde os tempos do ditador Mubarak.
Nos primeiros anos após a posse, Sissi preocupou-se mais em reprimir violentamente seus adversários.
Prendeu, torturou e condenou à morte gente de todos os partidos, especialmente da Irmandade muçulmana Muçulmana, sua principal rival na disputa dos “minds and hearts dos egípcios.
Nem por isso, os partidos liberais e os políticos secularistas foram objeto de tratamentos diferentes.
Quanto à corrupção, Sissi nomeou o auditor Hesham Geneina para incumbir-se de ajudá-lo a cumprir sua principal bandeira de campanha.
Na semana passada, Geneina foi entrevistado por um jornal egípcio e decepcionou cruelmente o general Sissi: denunciou que a corrupção nos meios governamentais custavam bilhões de dólares ao país. Nos últimos quatro anos (três no governo Sissi) chegara a atingir 76 bilhões de dólares o que, para um país pobre como o Egito, seria um saque de proporções catastróficas.
Como é natural, os oficiais que ocupam altos cargos no governo e os jornais que o colocam habitualmente no céu pularam enfurecidos. Exigiram providências contra Geneina esse “traidor da pátria”.
Legalista, Sissi nomeou uma comissão para estudar o caso, formada por oficiais de alta patente e servidores civis do regime.
Como era de se esperar, considerou-se que o auditor “mistificara o povo” com números totalmente incorretos.
Falar que em três anos de Morsi a corrupção correu solta nos meios oficiais seria certamente algo muito próximo de terrorismo.
Dá para imaginar o que acontecerá com Geneina.
Não creio que receberá uma recompensa faraônica.
Se tiver sorte, vai ter a mesma punição dos 32 juízes que consideraram a deposição do presidente Morsi pelo exército como ilegal.
O Supremo Conselho Judiciário do Egito, num assomo de benignidade, contentou-se em forçar esses atrevidos juízes a se aposentarem.
No Egito do general Sissi ilegal é contrariá-lo.