No seu relatório “Gaza em 2020: um lugar habitável?” a ONU afirma que o bloqueio de Gaza é a causa maior da crise econômica persistente que fere fundo a população.
E o principal fator que criou e mantém essa crise é a proibição de exportar, imposta por Israel.
Proibidas de vender seus produtos para os mercados do Oriente Médio, em especial, a grande maioria das fábricas de Gaza fecharam, lançando no desemprego centenas de milhares de trabalhadores palestinos.
Com a guerra de 2008-2009, a situação ficou ainda pior.
Os ataques do exército e da aviação israelenses destruíram 95% das fábricas e dos comércios locais.
“Sob o bloqueio ilegal de Gaza por Israel, a proibição total de importar matérias-primas impossibilitou essas fábricas de voltarem a operar”, diz Khalil Shaheen, diretor de direitos sociais e econômicos do “Centro Palestino de Direitos Humanos”.
Cerca de 80% delas permanecem fechadas ou funcionando precariamente.
Shaheen falou também a respeito de outro outrora importante setor econômico de Gaza, a pesca: “A comunidade dos pescadores tem sido completamente prejudicada pelos ataques diários da Marinha de Israel e lhe tem sido negado o acesso ao mar.”
Segundo suas informações, Israel decidiu unilateralmente que os pescadores só poderiam trabalhar dentro de uma faixa de 3 milhas da costa de Gaza. Apesar disso, pescadores tem sido atacados mesmo quando estão respeitando essa proibição.
O resultado das proibições previstas pelo bloqueio é que o desemprego em Gaza atinge 31,5%, sendo que os jovens desempregados são 59% (relatório da ONU, setembro).
A situação é dramática, obrigando as crianças a contribuírem para as despesas das famílias.
“Por toda a Faixa de Gaza”, diz Shaheen, “vê-se crianças pelas ruas vendendo chocolates, gomas de mascar e badulaques”.
E o mais triste é que muitas delas catam cascalho de casas destruídos em regiões próximas à fronteira com Israel, arriscando-se a serem alvejadas pelos soldados.
Entre 26 de março de 2010 e 27 de dezembro de 2011, a ONG Defence for Children International documentou 30 casos de crianças feridas a bala enquanto recolhiam material de construção ou trabalhavam perto do muro da fronteira.