Antimísseis russo ameaça supremacia aérea israelense.

Durante um ataque da aviação israelense contra presumíveis alvos do Hisbolá na Síria, um avião de observação russo foi derrubado por engano pelo sistema antimíssil sírio.

Há anos, ligação direta com o comando das forças de Moscou permite que Israel avise quando vai atacar, evitando-se atritos com os aviões russos.

Coisa que nunca havia acontecido desde o começo da intervenção da Rússia na guerra da Síria, em fins de 2015, a pedido do presidente Assad.

Moscou responsabilizou os israelenses pelo ataque contra seu avião. Listou uma série de razões, especialmente o fato de Israel o ter prevenido do bombardeio apenas um minuto antes do início. O avião russo não teve tempo de sair da área onde voavam os bombardeiros israelenses.

Furiosos, os russos anunciaram que iriam equipar a defesa antiaérea do regime de Assad com baterias do poderoso sistema antimíssil S-300. O que garantirá uma proteção contra bombardeios extremamente eficaz.

A aviação israelense, considerada uma das melhores do mundo, passará a enfrentar um adversário à sua altura.

Imediatamente, John Bolton, assessor de Segurança Nacional e falcão de estimação de Donald Trump, pulou, clamando que os russos deveriam reconsiderar pois a instalação do sistema S-300 seria uma “significativa escalada” no conflito.

Claro, Netanyahu também protestou indignado contra o que considerava a maior ameaça à segurança na Guerra da Síria.

Portanto, no dizer destas duas figuras, a Síria não tem direito de se defender contra as agressões armadas israelenses.

Que, alias, tem sido muitas. Mais de 200 bombardeios nos últimos dois anos, uma média de dois por semana, conforme relatos de oficiais israelenses (Reuters, 3 de outubro).

O governo de Telaviv diz que seus ataques alvejam objetivos militares do Hisbolá e do respectivo patrocinador, o Irã, para impedir o lançamento de mísseis contra território israelense.

Sucede que, até agora, isso nunca aconteceu.

Na verdade, Israel não dispõe de razões sólidas para justificar suas ações agressivas.

Tanto forças iranianas, quanto as do Hisbolá, atuam na Síria combatendo uma rebelião armada contra o regime. Isso não desrespeita as leis internacionais porque as duas entidades estão no país a pedido do governo legal, do presidente Assad.

O que desrespeita as leis internacionais é Israel bombardear outro país, no caso a Síria, sob alegação de que ataca apenas instalações militares do Irã e do Hisbolá, a fim de evitar que, por sua vez, venha a ser atacado pelos dois inimigos.

Desculpa bizarra pois bombas não escolhem suas vítimas, impossível garantir que cidadãos sírios sejam normalmente poupados.

É bom notar que os dirigentes iranianos jamais ameaçaram lançar ações bélicas contra o território israelense. Por enquanto, limitam-se a ataques verbais. Seus dirigentes tem jurado profundo ódio ao regime sionista, o qual, profetizam, acabará sendo derrubado por forças internas, dando lugar a um governo igualitário para todas as raças e religiões (o que, aliás, o próprio Irã não é).

Por sua vez, o Hisbolá afirma que está se armando para poder defender seu país, o Líbano, contra ataques militares israelenses. Não estão exagerando, afinal Israel já invadiu e ocupou o Líbano duas vezes.

Embora violando a soberania de um país vizinho, Israel segue impune, protegido na ONU pelos vetos americanos a qualquer resolução punitiva ou mesmo condenatória vinda do Conselho de Segurança.

Nem o Irã, nem o Hisbolá sequer tem reagido aos bombardeios da aviação de Israel.

A Síria defende-se mal, seu sistema de defesa antiaéreas até há pouco era antiquado, tendo conseguido derrubar  só um único avião israelense.

A situação se compara a de um rebanho de carneiros que, atacado por um lobo, não dispunha de proteção adequada. Agora, porém que um forte cão pastor alemão foi adquirido, o lobo protesta! Alega que se trata de uma ameaça à segurança da região.

O sistema antimíssil S-300 é o mais avançado que existe. É capaz de atingir até 100 aviões inimigos simultaneamente, tendo um alcance de 200 quilômetros. Está equipado com um radar que cobre toda a Síria, o Líbano e o Norte de Israel.

O governo Assad deve usar os sistemas S-300 para proteger as regiões costeiras da Síria e suas fronteiras com Israel, Jordânia e Líbano (Haaretz, 24 de setembro).

Bombardear a Síria se tornará uma missão praticamente impossível.

Israel vai pensar duas vezes antes de lançar ataques que poderão custar pesadas perdas de aviões.

Claro, o governo sionista não perdeu a pose.

Várias autoridades afirmam que não tem medo do S-300.

Israel passará a usar os aviões F-35i americanos, os mais modernos e eficientes já produzidos.

A força aérea israelense teria condições de destruir os novos sistemas antimísseis da Síria, antes mesmo de entrarem em ação.

Além disso, seus pilotos foram treinados para poder enfrentar com sucesso os S-300.

Há anos atrás, a Grécia comprou esse equipamento da Rússia.

Seu governo disponibilizou várias unidades para treinamento dos pilotos da NATO.

Sabe-se que esta vantagem foi estendida à Força Aérea de Israel. Os pilotos puderam lançar muitos ataques simulados contra o S-300, tendo descoberto seus pontos fracos. Saberão aproveitá-los nas suas próximas incursões na Síria.

O problema é que o S-300 da Grécia ficou velho e superado. Esse sistema, extremamente complexo, exige muita manutenção, atualizações e  frequentes substituições de partes inteiras, paraa sua modernização (Strategic Culture Foundation).

O sistema S-300 instalado na Síria seria mais avançado e bem diferente do similar da Grécia, com o qual os aviadores israelenses estariam familiarizados.

Nos próximos dias veremos quem é o mais forte, o lobo ou o cão pastor alemão.

 

 

 

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