Quando Lugo foi eleito Presidente do Paraguai, em 2008, as Nações Unidas publicaram um relatório sobre o país, dizendo que: “A escala de exclusão social que se refletia em altos níveis de pobreza, desigualdade e discriminação em termos de etnia, gênero e língua continua a solapar a cidadania democrática e a participação.”
Os números depõem a favor desta declaração: o índice de pobreza no Paraguai é de 35%, sendo os que vivem em pobreza extrema 19%.
Lugo era um franco atirador já que não tinha um partido com um mínimo de consistência a apoiá-lo. Por isso, teve que aliar-se ao Partido Liberal, que forneceu o candidato a vice-presidente.
Eleito, ele perdeu o apoio dos liberais e ficou só.
Assim mesmo, conseguiu realizar alguns programas sociais de distribuição de renda que passaram a beneficiar de 14 mil famílias, em 2008, a 112 mil, em 2011.
Em 2010, Lugo iniciou um sistema de proteção social projetado para suavizar a extrema pobreza nas áreas mais carentes. Foram construídas mais de 500 Unidades de Saúde Familiar o que garante serviços médicos a cerca de 1 milhão e quinhentas mil pessoas.
Seu projeto mais ambicioso era Reforma Agrária. Aliás, mais do que necessário.
Basta dizer que 2% da população controlam 75% das terras férteis, enquanto os pequenos proprietários que são 40%, possuem apenas 5% das terras. 1/3 da população do país é formada por trabalhadores sem terra.
Pretender mudar essa situação, redistribuindo as terras, era inaceitável para os grandes latifundiários.
O Partido Colorado, que tem por si a maioria dos 2% e domina o Congresso, aliou-se aos liberais para bloquear totalmente as leis que melhorariam essa situação injusta e atrasada.
O conflito que causou a morte de 17 pessoas foi o pretexto.
As condições para um golpe branco eram perfeitas: Lugo não se preocupara em formar um partido popular que o apoiasse, estava praticamente sem força; a Constituição fornecia um artigo que permitia o impeachment do Presidente por interpretações subjetivas (“mau desempenho de funções.”); o Exército não iria fazer nada para defender um presidente esquerdista e , como as próximas eleições seriam realizadas normalmente (o candidato colorado vencia, nas pesquisas), os EUA apoiariam os golpistas.
Foi simples assim.