Ao assumir o governo do Egito logo depois da queda de Mubarak, a Junta Militar nomeou um governo civil para, teoricamente, administrar o país durante a transição para a democracia.
Mas sempre foi um governo fantoche, sujeito às ordens dos militares.
A Irmandade Muçulmana, com o peso dos 45% dos votos obtidos nas eleições parlamentares, está agora reivindicando a formação de um novo governo com seus membros, substituindo o atual, que deveria renunciar.
Se for atendida, a Irmandade não pretende, evidentemente, exercer o mesmo papel passivo do ministério nomeado pelos militares.
Por causa disso, eles descartaram a mudança pretendida, alegando que o Egito só se organizaria como um país democrático, depois da aprovação da nova constituição e da eleição do presidente.
Até lá, a Junta Militar arrogou-se o direito de manter-se no poder, aceitando um dócil governo civil de sua confiança.
Resta saber qual será a reação da Irmandade Muçulmana.
Para alguns analistas, ela se conformará com a situação; para outros, deve exigir algo em troca, que pode ser a libertação dos seus militantes, presos nas manifestações da praça Tahir.