Enquanto os palestinos puxam por um lado, os EUA e Israel puxam pelo outro.
E o resultado do cabo de guerra pela aprovação da resolução árabe para criação Do Estado da Palestina continua indefinido.
Mahmoud Abbas – presidente da Autoridade Palestina – aumentou sua força de pressão.
Em Argel, anunciou à Associated Press (The Guardian, 23/10), que, em caso da rejeição da resolução que dá 12 meses para palestinos e israelenses negociarem a paz e até 2017 para as tropas de ocupação se retirarem, seria o fim:“’Nós nunca mais negociaremos com o governo de Israel, que seria forçado a assumir suas responsabilidades como país de ocupação.”
Com isso, a fantasia ocidental de que as duas partes poderiam chegar a um acordo bilateral naufragariam de uma vez.
Eu disse “fantasia”, porque no duro, no duro mesmo, faz tempo que já ficou muito claro, depois de inúmeras tentativas malsucedidos, que os israelenses nem de longe desejam um acordo justo.
Obama, Merkel, Cameron e outros estadistas hipócritas, ingênuos ou tomados pelo ‘wishful thinking” (imaginar que seus desejos são realidades) terão de encarar a realidade tal com o ela é.
Há outro aspecto a considerar: Israel seria forçado a assumir que é um poder ocupante e, portanto, prover a região dos deveres que lhe corresponderiam nessa qualidade, hoje de responsabilidade da Autoridade Palestina. Encarregar-se dos serviços de saúde, educação e segurança, entre outros.
Por sua vez, Abbas e os movimentos palestinos, ao cortar contactos com Telaviv, estariam começando a adotar a “resistência civil”, proposta por Barghouti, hoje preso em Israel, que consiste na recusa a colaborar com Israel, em denunciar suas constantes violações das leis internacionais e violências contra palestinos, pedindo punições, inclusive, o boicote internacional de relações comerciais, institucionais, acadêmicas e até artísticas.
Abbas e seu grupo não pretendem ir tão longe.
Mas, acho inevitável que os fatos os arrastem para esse caminho.
Talvez perigoso; mesmo assim Gandhi ousou.
Certo que Abbas não é Gandhi, mas a história pode fazer as pessoas crescerem.