O presidente Rouhani foi incisivo: o Irã não aceitará qualquer limitação em seu programa nuclear que esteja fora das regras existentes do IAEA (Instituto Internacional de Energia Atômica).
Em termos de princípios, ele está certo.
As regras do IAEA foram feitas para regulamentar tudo que se relaciona à energia nuclear, tendo em vista impedir a proliferação do seu uso para fins militares.
Dentro do P+5, do grupo de países que discutem um acordo nuclear com o governo de Teerã, surgiu a idéia de proibi-lo de continuar o desenvolvimento de Detonadores de Fio de Ponte Explosiva.
A justificação é que esse equipamento pode ser usado na fabricação de bombas atômicas.
No entanto, tem também diversas aplicações civis.
O Irã demonstrou que todos os testes feitos com esses detonadores depois de 2007 relacionavam-se às indústrias de gás e de petróleo.
Representantes dos P+5, especialmente dos EUA parecem estar insistindo na proibição mas o Irã permanece firme na posição oposta.
Seus motivos são ponderáveis. Os Detonadores de Fio de Ponte Explosiva são importantes no processo de modernização das indústrias iranianas.
Rouhani também se recusa a aceitar que a IAEA aumente a quantidade de suas inspeções para incluir nelas o arsenal de mísseis convencionais.
Lembrou que isso nada tem a ver com as funções da agência.
A verdade é que o Irã vem cumprindo suas obrigações para o acordo provisório com os P+5 e para com a IAEA.
Ele já eliminou todo o seu estoque de urânio enriquecido a 20% antes mesmo do tempo previsto.
A IAEA, antes de Rouhani sempre crítica do Irã, elogiou repetidas vezes sua cooperação.
No entanto, não se deve esperar uma solução para a questão nuclear antes do fim do ano.
Até lá, os EUA estarão em campanha visando as eleições parlamentares em novembro.
Atitudes positivas diante do Irã provocarão as iras das organizações judaico-americanas, que poderão cortar financiamentos e apoios aos candidatos do Partido Democrata, do presidente Obama.
Elas ainda influenciam muito os votos das comunidades judaicas, particularmente grandes nos estados de Nova Iorque e Florida.
Mais uma vez a política interna americana é uma pedra no caminho da paz com o Irã.