Em fevereiro de 2011, depois de derrubar as ditaduras da Tunísia e do Egito, a Primavera Árabe chegou ao Marrocos.
Além da falta de liberdade, o povo marroquino também sofria os mesmos problemas de desemprego e inflação alta dos países vizinhos.
Milhares de pessoas foram para as ruas, protestando contra a autocracia que governava o país e exigindo reformas radicais.
O rei Mohamed VI foi hábil.
Prometeu uma nova Constituição, com liberdade, eleições, reformas, todo o cardápio democrático.
Com isso, acalmou os ânimos.
Nas eleições de novembro, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento, um partido islâmico moderado, foi o vencedor.
Formou-se então um novo governo, liderado pelo Primeiro Ministro Abdelilah Benkirane.
No entanto o rei conservou amplos poderes.
Os EUA e as principais nações da Europa saudaram a nova democracia que surgia.
Mas esse entusiasmo foi prematuro.
Segundo os ativistas, as reformas políticas foram superficiais.
Marrocos não mudou tanto assim.
Os problemas econômicos continuam graves.
O país enfrenta um grande déficit orçamentário, o desemprego atinge 50% dos jovens e uma terrível inundação reduziu a colheita do trigo pela metade, em 2012.
O povo voltou às ruas, reclamando contra a Primavera que não tinha acontecido.
Só que agora o governo estava forte. A onda criada pela Primavera Árabe no início já tinha perdido o embalo.
As autoridades passaram a reprimir os protestos com brutalidade.
E pior: a processar e condenar pessoas simplesmente por delitos de opinião.
Associações de Direitos Humanos denunciam que mais de 50 ativistas já estão presos e sentenciados a diversas penas.
A Human Righst Watch expressou preocupação diante da violência com que manifestantes estão sendo tratados.
Em agosto, seis deles, em juízo, acusaram a polícia de espancamentos e abusos sexuais.
Abdellah Tourabi, pesquisador do “Instituto de Estudos Políticos de Paris”, analisa assim a questão: “Havia uma necessidade de promover no exterior uma imagem de que Marrocos fora uma exceção, mas agora o estado quer recriar o medo e deixar claro para as pessoas que os tempos de alegria acabaram.”
O mesmo acontecerá (aconteceria) se houver (houvesse) acirramento de protestos no Brasil (manipulados pelos pelegos vermelhos, é claro). A exemplo da tal reforma política e “mais” melhorias socialistas prometidas outrora pela Dilminha, nada de muito superficial seria feito para acalmar as turbas esquerdamente revolucionárias e enraivecidas. O que haveria com profundidade seria um fortalecimento dos poderes ditatoriais que o partidão já tem via executivo; ou seja, o caos e a bagunça é sempre interessante para o “melhoramento” das ditaduras, sejam elas islâmicas, monárquicas ou petistas, os bléquiblóquis que o digam.