O mais alto tribunal da Itália acaba de condenar, agentes da CIA envolvidos nas extraordinary renditions do governo Bush.
Nessas operações, o pessoal da CIA raptava suspeitos de terrorismo no estrangeiro e os transportava para países onde eram torturados, sem problemas.
Em 2003, na cidade de Milão, o imã egípcio Hassam Mustafa Osana Nasr foi seqüestrado por agentes da CIA e levado ao Egito.
Eram tempos de Mubarak, que punha seu serviço secreto à disposição da inteligência americana.
No Egito, Hassan foi repetidamente torturado e como nada se descobriu contra ele, acabou solto depois de 7 meses.
Voltando a Milão, ele procurou a justiça italiana e denunciou a violência sofrida.
As investigações revelaram a culpa de 23 agentes da CIA, que foram devidamente processados.
Houve intervenção americana, o governo italiano de então, era Berlusconi, tentou abafar tudo, mas os juízes ficaram firmes.
Antes da sentença, os agentes da CIA, inclusive o chefe da agência em Milão, voaram rápidos para os EUA.
Eles foram condenados em primeira instância. Houve recursos diversos.
Por fim, no dia 19 de setembro, a mais alta corte judiciária italiana condenou 22 dos réus a uma pena de 7 anos de prisão. O 23º, Robert Seldon Lady, o chefe da Cia em Milão, pegou 9 anos.
Comentando o caso, o promotor público Armando Spataro declarou : “A extrarodinary rendition é incompatível com a democracia.”
Está para ser solicitada a extradição dos réus.
Não há quem ache que o governo americano a concederá.
No entanto, se algum dos 23 viajar para a Europa, corre o risco de ser preso.