Gadafi foi durante muito tempo adversário dos EUA e do Reino Unido.
Foi na grande época do movimento do terceiro mundo, que defendia para seus países uma posição independente dos blocos comunista e capitalista.
Na ocasião, Gadafi pensava até em produzir armamentos nucleares.
Finda a Guerra Fria, ele desistiu dos seus sonhos atômicos e tornou-se um bom amigo dos EUA e do Reino Unido.
Que, aliás, souberam retribuir sua amizade.
O Human Rights Watch acaba de publicar relatório de 156 páginas, mostrando em detalhes a colaboração dos EUA e do Reino Unido com o governo Gadafi, prendendo, torturando e entregando a ele seus adversários políticos.
A colaboração relatada aconteceu durante os tempos de Bush, quando a CIA desenvolveu o programa de renditions, no qual raptava elementos suspeitos em países estrangeiros e os transportava para prisões secretas, onde eram torturados.
As fontes do relatório do Human Rights Watch foram obtidas do serviço de inteligência da Líbia, após a queda de Gadafi.
Documentos originais e correspondências foram anexadas ao relatório, mostrando uma cooperação organizada entre os EUA, Reino Unido e outros países ocidentais com o regime de Gadafi.
Apresenta entrevistas com 14 pessoas, que em 2004, foram raptadas pela CIA em países da África e da Ásia, depois torturadas em prisões secretas, inclusive com water boarding.
Por fim, acabaram sendo entregues ao governo de Gadafi, onde aconteceu o que você pode imaginar.
Muitos deles são hoje funcionários do governo líbio.
O relatório do Human Rights Watch desmente repetidas declarações de altos funcionários da CIA, antigos e atuais, de que somente 3 pessoas (nenhuma líbia…) foram submetidas ao waterboarding e, assim mesmo, apenas por 30 segundos.
Deixa mal também o Departamento de Justiça do Governo Obama, que investigou 101 denúncias de torturas durante 3 anos. E concluiu na semana passada sem acusar ninguém.