Na sua expedição a Israel à caça de votos dos judeus americanos, Mitt Romney teve recepção de herói.
Fez por merecer.
Primeiro, ele qualificou o programa nuclear iraniano como um novo Holocausto em potencial, que atingiria toda humanidade. Coisa que a propaganda israelense vem exaustivamente trombeteando.
Explicando melhor, afirmou que chegando a ter “capacidade nuclear”, o Irã já representaria uma “ameaça incomparável.”
Usou o termo “capacidade nuclear” e não “armamentos nucleares” para ampliar o que Obama considera inaceitável.
Ora, o simples uso de energia nuclear para produzir eletricidade já demonstraria que o Irã teria capacidade nuclear, plenamente assegurada, aliás, pelo “Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Raciocinando com base no que disse Romney, já estaria transposta a linha vermelha e, portanto, estabelecidas as condições para um ataque americano ao Irã.
Romney não desceu a esses detalhes, mas nem por isso foi menos belicoso.
Afirmou com todas as letras que, se Netanyahu partisse para uma solução militar teria sua plena aprovação, caso presidisse os EUA. O contrário da insistência de Obama em conter Bibi, advertindo-o dos prejuízos de uma guerra e pedindo tempo para as sanções dobrarem os aiatolás.
Radiante de alegria, Bibi não conteve seu entusiasmo e bradou: “Mitt, eu não poderia concordar mais com você. Temos de ser honestos: as sanções e a diplomacia não reduziram o programa iraniano nem um iota. É por isso que eu acredito que nós precisamos de uma ameaça militar forte e crível que, em conjunto com as sanções, tenham chance de mudar a situação.”
Quem mais senão o amigo Mitt faria isso?
Depois disso, Romney continuou agradando Bibi, ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, prometendo defender sempre que continue assim.
O que é um golpe contra a solução dos “2 estados”, que considera uma das questões a discutir é se Jerusalém Oriental não deverá ser a capital do futuro estado Palestino.
Todos os governos americanos depois da conferência de Oslo, em 1193, se comprometeram com essa solução. Tanto é que todos eles mantiveram a embaixada americana em Telaviv, não em Jerusalém.
Saqeb Erekart, o chefe dos negociadores palestinos, protestou contra as declarações de Romney:”…são prejudiciais aos interesses americanos na nossa região e prejudicam a paz, a segurança e a estabilidade.”
Referia-se à péssima repercussão no mundo árabe, reduzindo ainda mais a já baixa imagem dos EUA na região, o que, evidentemente, não é desejável para a política externa da Casa Branca.
Nesse sentido, Ererkart acrescentou: “Romney está premiando a ocupação, os assentamentos e o extremismo na região.”
Mas o candidato republicano não está nem aí nisso tudo.
Os palestinos dispõem de poucos votos nos EUA.
Porque ligar para o que eles reclamam?