Vai muito mal uma aliança de dois países quando o povo de um deles considera o outro um país inimigo.
É o que está acontecendo agora com as relações entre EUA e Paquistão.
Eles são amigos há muito tempo.
Era uma relação que convinha a ambos os lados.
Os EUA forneciam 3 bilhões de dólares de ajuda militar e econômica.
E recebiam em troca o uso da base militar de Quetta, livre passagem pelo território paquistanês dos caminhões levando suprimentos para o exército americano no Afeganistão e sinal verde para a CIA atuar no país contra os grupos fundamentalistas.
Além disso, o exército do governo de Islamabad deveria patrulhar a fronteira com o Afeganistão, impedindo a entrada de talibãs em fuga.
É verdade que isso era feito precariamente.
A felicidade desse casamento não durou muito.
Os americanos passaram a lançar drones para matar talibãs, enfurecendo o povo, pois nesses ataques centenas de camponeses inocentes também foram mortos.
O assassinato de Bin Laden, ação realizada sem autorização do governo paquistanês, humilhou os militares e todo o povo.
Seguiram-se a morte a tiros de dois suspeitos por um agente da CIA e, muito pior do que isso, o bombardeio de um posto de fronteira, matando 24 soldados.
Não foi surpresa os resultados de recente pesquisa da Pew:
74% dos paquistaneses consideram os EUA um inimigo.
Para a maioria dos entrevistados, Bush e Obama são a mesma coisa.
Para 4 entre 10, a ajuda econômica e militar dos EUA teve um impacto negativo no país; 5 entre 10 não têm opinião e apenas 1 entre 10 acham positivo.
Provavelmente, esses números deverão se refletir nas próximas eleições.
Quando, do jeito que as coisas vão, eles serão ainda piores para a relação EUA-Paquistão.
Que corre grandes riscos de acabar.