François Hollande pouco falou sobre política internacional em sua campanha eleitoral.
A única promessa que fez nesse campo foi retirar as tropas francesas do Afeganistão antes do fim do ano.
Noticiou-se que ele teria uma reunião com Barack Obama para se explicar.
No entanto, mesmo antes de sofrer as inevitáveis pressões do presidente americano, ele pareceu afinar.
O porta voz do Ministério da Defesa, o Coronel Thierry Burkardt, declarou que somente as forças combatentes voltariam: militares franceses continuariam treinando o exército afegão.
3.400 são os franceses no Afeganistão. Dizer exatamente quantos ficarão é complicado, pois, em certos casos, os treinadores costumam participar dos combates.
É possível prever que algumas dezenas de soldados franceses, talvez centenas, serão deixados para trás, decepcionando suas famílias, que acreditaram em Hollande.
Acho que o novo presidente francês, prudentemente, quis minimizar os conflitos inevitáveis com o establishment do Ocidente.
Evidentemente, para ele o prioritário é conseguir dobrar a rígida austeridade de Merkel e seus economistas, convencendo-os a aceitar alterações no Acordo de Lisboa, incluindo medidas de estímulo ao crescimento.
Para não dissentir demais, suavizou o radicalismo de sua proposta de retirada do Afeganistão, com uma saída intermediária, bem ao gosto da social-democracia européia.
Foi compreensível, embora não desejável.
Importante mesmo será a posição que a França de Hollande tomará na reunião dos P5+1 com o Irã no dia 23, em Bagdá, para discutir o programa nuclear de Teerã.
Aí veremos que se a grande mudança da França chegou ou não à sua política externa.
Foi positiva e mesmo sintomática a visita recente ao Irã, do ex premier socialista, Michel Rocard, na qual ele manteve contatos com os dirigentes do país, expressando otimismo quanto ao bom êxito das negociações.
Embora Rocard tenha dito que viajara por conta própria, ninguém duvida que foi levar uma manifestação de boa vontade do novo presidente da França.