Numa Europa dominada por partidos conservadores, François Hollande aparece com chance de quebrar esta sólida quase unanimidade.
Claro, Sarkosy ainda pode ganhar, pois é político de muitos recursos, mas, por enquanto, a eleição do socialista Hollande a presidente da França é mais provável.
Na última pesquisa, realizada pela Yahoo, Hollande vencia seu rival por 30,5% contra 23%. Num eventual segundo turno, a diferença seria maior: 58% x 42%.
Algumas das principais propostas do candidato socialista não são bem vistas pelos chefes dos governos dos principais países europeus, todos eles conservadores.
Coerente com sua promessa de fazer os sacrifícios necessários à recuperação da França recaírem sobre os ombros dos ricos, ele propõe taxar em 75% todos os cidadãos que lucrarem mais de 1 milhão de euros anuais.
Uma ideia de Hollande, muito popular na França, mas longe de provocar aplausos conservadores, é renegociar a união fiscal, já aprovada pelos chefes de estado europeus e que deve ser ratificada pelos parlamentos dos membros da comunidade com exceção de alguns países que realizarão referendos.
O candidato socialista pretende alijar da “união fiscal” uma série de medidas de austeridade, substituindo-as por estímulos baseados no aumento das despesas fiscais.
Tais ideias teriam causado preocupação nos governos dos principais países europeus.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, Angela Merkel, Cameron, Mario Monti, da Itália, e Mariano Rajoy, da Espanha, teriam feito um acordo para congelar o candidato socialista.
Merkel negou taxativamente, mas Cameron recusou-se a recebê-lo, em Londres.
A equipe de propaganda de Hollande aproveitou essa excelente oportunidade para atiçar os brios nacionalistas do povo francês condenando em manifesto a “intervenção conservadora combinada”, assegurando que se tratava de algo “jamais visto na história da Europa.”
Hollande foi mais comedido. Declarou apenas que “cabe ao povo da França decidir seu futuro. Outro líderes europeus, pelos quais eu tenho o maior respeito, não tem direito de influenciar a escolha da população francesa.”