38 bilhões de dólares em armas para quem não precisa

No período 2004/2011, as exportações de armas israelenses atingiram 12,9 bilhões de dólares.

No ano de 2012, esses números foram ainda mais expressivos: vendas no valor de 7 bilhões de dólares, 20% a mais em relação a 2011.

E continuaram em alta, no ano de 2014, Israel tornou-se o sexto maior exportador de armas do mundo.

De acordo com os índices do Stockolm International Peace Research Institute,  três companhias da “terra prometida” estavam entre as 100 maiores produtoras mundiais: a Elbi Systems, a Israel Aerospace, e a Rafael (Jerusalem Post.30-3-2017).

A indústria de armamentos de Israel é tão sofisticada e moderna, quanto é poderosa.

Um exemplo é o fornecimento de armas para o Azerbadijão.

O Middle Est Eye assistiu um vídeo desse ex-país soviético sobre o sistema IAI Harop, drone importado de Israel. Ele é capaz de carregar mais de 15 quilos de bombas e permite ataques de diferentes ângulos, sendo que o operador controla o sistema até o ponto de impacto. E, o que é mais importante: o Harop não pode ser detectado por radar.

Israel, em 2016, vendeu ao Azerbadijão cerca de 5 bilhões de dólares em armamentos avançados inclusive o sistema anti-missil Iron Dome, que tem mostrado sua eficiência em Israel, derrubando quase todos os mísseis lançados de Gaza.

Com um setor industrial de tão alto nível, Israel tem todas as armas de que precisa, sobrando ainda grandes quantidades de armamentos para exportação.

Não precisa dos 3,8 bilhões que os EUA vem gastando anualmente para suprir de armas “seu maior amigo”, até 2028, de acordo com acordo bilateral de 2016.

Mas os EUA precisam.

Esses 3,8 milhões seriam muito benvindos se fossem aplicados pra atender a setores básicos  do país.

A Sociedade Americana dos Engenheiros Civis (ASCE) publicou seus relatório quadrienal (2013-2017) sobre a situação da infraestrutura nacional.

E os EUA ganharam nota muito baixa: apenas D+. Das 16 categorias avaliadas, nove não mostraram progresso ou mesmo retroagiram em 2017, em relação a quatro anos antes.

Significa que a média dos aeródromos, pontes, estradas, ferrovias e outros setores da área infra-estrutrural do país exige reparos sérios, alguns até urgentes.

Os contribuintes americanos, que pagam anualmente o auxílio militar a Israel, dispõem de uma infra-estrutura de serviços carente, em alguns casos arriscando sua segurança, num nível além do que teriam direito como cidadãos da mais rica nação do mundo.

Para que os equipamentos de serviços ofereçam um nível de boa manutenção, ou seja de grau B (abaixo do ideal, de grau A) a ASCE calcula que seria necessário um investimento de 2 trilhões de dólares nos vários setores da infra-estrutura até 2025.

O relatório calcula que caso isso não seja alcançado, haveria, em 2025, um abalo de 3,9 trilhões de dólares no PIB, 7 trilhões de dólares em perdas de vendas e uma redução de 2,5 milhões de empregos.

Não é exatamente um horizonte promissor, considerando ainda que os EUA tem uma dívida pública superior a 20 trilhões de dólares. Todos os seus presidentes vem procurando cortar despesas ao máximo para, pelo menos, reduzir o aumento dessa dívida, que, aliás, cresce anualmente.

O caminho seguido por Trump é sacrificar as despesas sociais. O governo corta auxílio a pobres, velhos, crianças, desempregados, pessoas deficientes, enfim de quem mais precisa.

É bizarro que mantenha incólume as altas despesas com armas para Israel que, na verdade, nem precisa delas.

Em teoria, os EUA enchem Israel com armas porque o país estaria em contínuo risco de ataque por seus vizinhos árabes.

Eles já fizeram isso em 1948, 1967 e 1974. E foram derrotados, principalmente pelo apoio militar fornecido pelos governos de Washington.

Agora a situação mudou.

A maioria dos vizinhos, se não se tornou amigável, pelo menos deixou de ser capaz de assustar Telaviv.

A Arábia Saudita tem mantido uma aliança militar com Israel, aliás não muito secreta. O Egito compartilha com Telaviv o bloqueio de Gaza. A Jordânia tem até relações diplomáticas normais. O Iraque, pode não ser amigo dos israelenses, mas sequer os critica, inclusive por estar enrolado com os EUA que, agora que o ISIS está derrotado, ameaçam continuar no país. A Turquia de Erdogan costuma lançar dardos verbais contra a política israelense- mas continua negociando e mantendo relações diplomáticas com Israel. O Líbano, dividido entre grupos pró-Irã e pró-EUA mais aliados árabes, já foi invadido três vezes por exércitos israelenses e jamais teve forças para responder à altura. Hoje em dia, a luta entre Davi contra Golias, equipado com o estado de arte em armamentos, teria um resultado diferente.

Inimigos de respeito só mesmo a Síria, o Hisbolá e o Irã.

Para ser realista, a Síria, é que deve temer Israel, que já anexou parte do seu território (o Golã) e bombardeou mais de 100 vezes diversas áreas do país. Além de seguir dilacerada por uma guerra cujo fim passou a ser remoto, depois das promessas de Trump (as mais recentes).

O Hisbolá pode eventualmente agredir Israel, mas não conseguiria vantagem, diante do tremendo aparato militar judaico. No máximo conseguiria lançar mísseis sobre algumas cidades e fazer, talvez, pouco mais de mil baixas entre os israelenses.

O Irá vive anunciando a futura queda do regime sionista, mas jamais falou que seria obra sua. Seus governantes sabem que provavelmente perderiam caso houvesse guerra. Israel tem uma força aérea moderna, considerada uma das melhores do mundo (talvez a melhor), contra quem os antiquados MIGs iranianos não se sairiam bem. A marinha e o exército israelenses são superiores em armamentos aos equivalentes iranianos.

A única força de Telaviv capaz de fazer os israelenses perderem o sono são os projéteis balísticos iranianos.

Perigo que pode acabar.

Macron, com crescente apoio europeu, está querendo impor uma proibição à expansão desse programa, facilitando as coisas para as forças do governo Netanyahu.

Veja que não estou nem considerando as 200 bombas nucleares israelenses, prontas para entrar em ação caso o impossível aconteça e Israel precise delas contra um Irã fazendo estragos inesperados e devastadores

Na verdade, entre as duas partes, quem está mais a fim de atacar é Israel, conforme declarações recentes do general Mattis, secretário da Defesa dos EUA, depois de se reunir com o feroz Avigdor Lieberman, o ministro da Defesa israelense.

É claro que Trump, seus generais e seus áulicos estão a par de todas estas coisas.

Porque então não para de torrar 3,8 milhões de dólares em armamentos, enviados a Israel, que nem precisa deles para se defender?

Nem pensar, The Donald conta com as forças armadas de Israel para realizar seu sonho dourado de acabar om a República Islâmica.

Não vai ser nada fácil.

Re-impondo as sanções, legalmente suspensas pelo Acordo Nuclear, não adiantaria nada, já que a maioria delas nunca deixou de ser aplicada. E nem por isso, Teerã entrou em parafuso.

Trump e sua dupla de hard-liners (Pompeo e Bolton), devem estar pensando em outra saída, mais ao gosto do temperamento bélico do trio.

Recentemente, o presidente americano sugeriu que a Arábia Saudita tomasse a si o encargo de estabelecer a paz no Oriente Médio, através das armas.

Acredito que seria o começo de uma tentativa de terceirizar uma possível guerra contra o Irã, usando tanto a Arábia Saudita, quanto Israel, ambos super-fortalecidos pelas enormes compras feitas pelos sheiks e as novíssimas armas americanas, fornecidas a Telaviv.

Claro, os EUA não deixariam de dar uma força, lançando algumas centenas de mísseis de seus submarinos e outras belonaves existentes na região. Além de enviar a seus aliados carregamentos-extra de armamentos e munições.

Seria unir o agradável ao útil, pois derrotaria o Irã, poupando preciosas vidas de soldados americanos.

Caso The Trump pensasse na segurança nacional e no interesse do seu povo, deveria cancelar o acordo bilateral com Israel.

Seria difícil, mas não impossível.

Afinal, romper um acordo bilateral deve ser mais fácil do que romper um multilateral, como o Acordo Nuclear que o presidente pretende mandar para o espaço.

Na verdade, seria uma missão quase impossível.

Trump, teria de se ver com o lobby israelense e seus vassalos: a maioria dos congressistas e da grande mídia.

Mas, o presidente nem brincando pensa numa coisa assim.

Para ele, manter Israel sempre pronto para uma guerra por procuração contra o Irã vale os 38 bilhões de dólares em armamentos.

E mais uns trocados se Netanyahu pedir.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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