A volta de Berlusconi.

Tendo governado a Itália como primeiro-ministro durante 9 anos (não consecutivos), Silvio Berlusconi saiu de cena em 2013.

Foi quando sentença da justiça itaiana o tornou inelegível até 2019.

Seu caso lembra o que aconteceu com Al Capone.

Apesar de ter cometido farta variedade de crimes graves, o famoso gangster americano só foi condenado por sonegação no imposto de renda.

Quianto a Berlusconi, depois de uma trajetória política marcada por escândalos sexuais, subornos, chantagens, corrupção e outras malazartes, a justiça italiana só conseguiu puni-lo por fraudes fiscais.

Julgava-se que esse bilionário, proprietário de um império de jornais, emissoras de rádio e canais de Tv, além de várias outras empresas, teria sido confinado ao passado, como uma lembrança incomoda para os milhões de italianos que confiaram nele.

Mas, os resultados das eleições do governador da Sicília, em cinco de novembro do ano passado, mostraram que ele ainda possue muitas fichas para jogar.

A coalisão liderada pelo magnata das comunicações e seu partido, o Força Itália, rebatizado como Povo da Liberdade (irônia à italiana), venceu com 39% dos votos, deixando atrás o movimento Cinco Estrelas, com 34,6% e o Partido Democrático- do governo de centro-esquerda- com apenas 18,5%.

Berlusconi estava de volta ao ringue.

Fato confirmado pelas pesquisas sobre as eleições parlamentares da Itália, em 4 de março do corrente.

Em fevereiro, o Termometre mostrava o seguinte placar: coalisão de Berlusconi, 37,5%, movimento 5 Estrelas 26,3% e Partido Democrático, 21%.

Desenha-se uma vitória da direita sobre a social democracia. E por larga margem.

Apesar de qualificado como de centro-direita, a coalisão de Berlusconi não é bemassim. Tanto o Força Itália, quanto seus parceiros, Liga Noerte e Irmãos da Irália, sempre se comportaram como direitistas por pavavras e obras.

Veja a Liga Norte, por eemplo.  Seu candidarto a governador da Lombardia, Atilio Fontana, declarou, em janeiro, que o influxo de imigrantes ameaçava varrer a “nossa raça branca.” O líder do partido, foi mais longe. No ano passado defendeu “uma limpeza em massa da Itália, rua a rua, vizinhança a vizinhança, praça a praça e através do uso de força, se necessário.”

O objeto dessa ciclópica faxina seriam os imigrantes, especialmente os africanos. Com 600 mil imigrantes entrando na Itália nos últimos quatro anos, o povo italiano está descambando perigosamente para a xenofobia. Cresce a tendência de responsabilizar os africanos e árabes pela crise que perdura há tantos anos. De vê-los como como estrangeiros incômodos, criminosos em potencial.

O movimento 5 Estrelas tem sabido aproveitar-se desse novo racismo, que assola o país.

Foi fundado em 2009 pelo humorista Beppo Grillo e o empresário expert em marketing político, Gianroberto Casalegio. Graças à experiência nessa área, foi deste último a idéia de lançar o 5 Estrelas, como um partido diferente, integrado por cidadãos comuns, onde o ingresso dos desgastados profissionais da política seria barrado.

Tendo como chefe, o carismático Beppo Grillo, sucesso de público na Televisão e Rádio, e focando as questões que correm de boa em boca nos bares e supermercados, o 5 Estrelas cresceu rapidamente sob a bandeira de oposição ao establishment.

Na verdade, ele pouco se distingue da coalisão dita de centro direita. Os dois são populistas (Berlusconi semre foi assim), defendem idéias neo-liberais- como cortes de impostos e de gastos públicos,    restrições profundas aos imigrantes e proibição da cidadania a imigrantes de segunda geração.

A diferença principal entre os dois grupos é que o 5 Estrelas prega a  substituição de políticos (como são os elementos da coalisão) por pessoas comuns, embora, na prática, elas acabam virando políticos profissionais, ao exercerem cargos públicos.

A derrota dos social-democrtas que se descortina se deve a vários fatores.

Seu líder Matteo Renzi, que governou o país por três anos, não justificou as grandes esperanças do povo italiano nele (conforme pesquisa, era aprovado por 45% das pessoas).

Renzi falhou ao não coneguir reverter a crise econômica que assola a Itália há muitos anos.

Os números falam por si.

O leve crescimento da economia de 0,9% é o menor em toda a Europa. A dívida pública continua a mais alta do Ocidente, chegando a 133% do PIB. O desemprego dos jovens, em 2016, aumentou para 39%, bem superior à média europeia de 22%. E as desigualdades atringem níveis altos.

Sob influência desse quadro sombrio, a popularidade de Renzi caiu para 25%, em janeiro.

As chances do Partido Democratico de Renzi são ainda prejudicadas porque os sociais-democratas vão divididos paa a próxima eleição.

Com o fim da União Soviética e a denúncia pela operação Mãos Limpas da enorme corrupção que existia com participação de celebrados líderes políticos,  os partidos tradicionais acabaram fechando.

O Partido Democrático surgiu, então, unindo democrata-cristãos de esquerda, socialistas de vários tons, comunistas moderados e liberais.

Admitia que os intrincados problemas da Itália justificavam uma adaptação de suas posições às realidades do nosso tempo.

Porém, adaptação não é metamorfose.

Sob a liderança de Matteo Renzi, o partido seguiu o caminho aberto por Tony Blair, no Reino Unido, adotando políticas que pouco ou nada se afastavam dos princípios neo-liberais.

Ainda em 2011, boa parte dos elementos de esquerda saíram do partido por serem contrários às  decisões de Renzi. Como, por exemplo, sua reforma trabalhista que, entre outros pontos discutíveis, aboliu um artigo das leis do Trabalho, então vigente, que protegia os desempregados.

Também foi visto pelos dissidentes como inaceitáveis as relações excessivamene amigáveis de Renzi com o mundo dos negócios, em especial com  bancos salvos pelos recursos do Estado. Somenre no caso do banco Monte dei Paschi, o governo social-democrata injetou 5,6 bilhões de euros, 15 vezes mais do que o total gasto no combate ao desemprego.

Além disso, se criticava os excessivos benefícios concedidos à classe média, presenteada pelo governo com a liberação do pagamento do IPTU.

Em 2018, mais um bloco de esquerdistas desiludidos deixou o Partido Democrático para concorrer ao parlamento sob o nome de Esquerda Unida.

Na campanha eleitoral, foi abordada com o maior destaque a situação dos imigrantes, bombardeados pelos dois agrupamentos direitistas.

O populista Berlusconi chegou a prometer expulsar 600 mil imigantes ilegais (CMM, 6 de fevereiro).

O tema foi tratado com cautela pelos sociais democratas, indecisos entre os princípios humanitários do partido e os interesses eleitorais. Foi estranha a atitude de Renzi que, ao lado de Luigi di Maio, líder do movimento 5 estrelas, não só apenas deu pouc impotância ao assassinato de seis inocentes africanos por um militante da Liga Norte, com tambéma apelou a membros de seu partido e da imprensa para imiaem sua atitude.

Os dois queriam tomar cuidado para não perderem votos racistas para a coalisão de Berlusconi.

Di Maio, que tem chances de vencer, acaba de acusar Berlusconi de ligações perigosas com a Mafia (The Guardian, 22 de fevereiro). O ex-premier teria entrado na política pelas maõs de Del´Utri, chamado de “embaixador da Cosa Nostra”. Fugindo das garras da lei, Del´Utry voou para o Líbano onde foi preso e devolvido à Itália. Atualmente, descansa na cadeia.

Ora, além de proteger de Berlusconi em seus primeiros passos no mundo político, Del Útry foi durante muito tempo sócio do líder do Força Itália.

A acusação de Di MaIo é grave, mas dificilmente  evitará a vitória da coalisão dita de centro-direita. Caso ela vença, terá direito de indicar o primeiro-ministro que não será Berlusconi, impedido pela justiça de execer funções públicas aé 2019.

Mesmo assim, o magnata das comunicações é a principal estrela da sua coalisão na campanha eleitoral, firmando ainda mais seu prestígio, para reforçar suas chances de assumir o cargo de primeiro-ministro no fim do seu afastameno legal.

No entanto, mesmo que seu grupo de três partidos consiga mais votos, não será o suficienre para lhe dar maioria no Senado. E, sem ela, nenhum dos seus poderá ser nomeado primeiro-ministro.

Tentarão negociar o apoio de outras agremiações para atingir o número necessário. Missão talvez impossível, pois tanto Renzi, quanto Di Maio, juraram que jamais formarão um governo com a Força Itália e partidos associados.

O 5 Estrelas, pela sua própria razão de existir, não acetia unir-se a partidos do establishment, como inegavelmente o partido Democrático não deixa de ser.

Sem governo majoritário, novas eleições serão necessárias.

Mais uma crise na Itália.

E la nave va.

 

 

 

 

 

 

 

 

6 pensou em “A volta de Berlusconi.

  1. Luiz, venha dar aulas de memòria aos italianos que parecem te-la perdido.
    Voce sabe muito mais sobre a situaçao italiana do que a maioria do povo,
    o qual esquece até mesmo fatos recentes….Cida e Marcello

  2. BINGO MASTER PLUS! Ficam de mimimimi que não querem fazer certos trabalhos. Aí os imigrantes vem e trabalham. Depois reclamam que os imigrantes “roubam empregos. Brasileiro na Zoropa na maioria dos casos faz só trabalho braçal ou limpa privada. Há exceções de gente muito qualificada que tem empregos “melhores.

  3. O Brasil est á na 12a posição em orçamento militar, à frente de Austrália, Israel e Canadá. E em 47o lugar na quantidade de caças. ATRÁS de potências militares como Marrocos, Sudão, Myanmar, Angola, Argélia, Iemen, etc. O Japão não possui 200 caças pesados e mais 140 médios por causa da vizinhança. Ele possui essa pequena frota, porque em sua constituição não lhe é permitido possuir forças armadas, não é permitido atacar outros países ou participar de guerras em outros países. Eles só podem ter forças de AUTO-DEFESA, e destinam muito pouco para a defesa, cerca de 1% do PIB. Por isso possuem essa quantidade PÍFIA de caças, equivalente à força aérea de Israel, que é um país minúsculo comparado ao Japão, com apenas 8,5 milhões de habitantes (PERDE para a CIDADE de São Paulo com 12 milhões de habitantes), e possui PIB equivalente ao da região metropolitana de São Paulo, conhecida como Grande São Paulo e território quase igual ao litoral norte do estado de são paulo. Mas, como somos DESgovernados, ainda nos comparamos com Bolívia, Paraguai e demais vizinhos. E AINDA acreditamos que somos o que somos por causa dos vizinhos e os países de primeiro mundo, são o que são, por causa dos vizinhos deles.

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