Em 1977. O primeiro-ministro trabalhista inglês tentou reduzir a inflação de 17%, reduzindo os salários públicos.
Na época, amplos setores da economia – ferrovias, minas, saúde, educação, energia elétrica, entre outros- estavam socializados.
Em protesto, os sindicatos promoveram ondas de greves durante o período 1977-978, causando sérios problemas à população.
Os sindicatos, em maioria trabalhistas, e por extensão o governo também trabalhista, perderam o apoio popular.
E, em 1979, o Partido Conservador venceu as eleições, liderado por Margareth Thatcher, com um programa neo-liberal oposto ao do seu antecessor.
Thatcher conseguiu equilibrar a a economia, através da desregulamentação do setor financeiro, da privatização das empresas estatais e da flexibilização das leis trabalhistas, cortando direitos dos trabalhadores e diminuindo o poder dos sindicatos.
Seu sucessor, John Major continuou sem brilho as políticas de Thatcher. Acabou derrotado por Tony Blair, cujas ideias pragmáticas revolucionaram o Partido Trabalhista.
Tendo sido socialista desde sua fundação, o Labour emigrou da esquerda para o centro.
Nos governos Blair e do seu sucessor, Gordon Brown, o trabalhismo inglês pouco se diferenciou dos conservadores.
Talvez por isso, em 1990, os ingleses preferiram o original em vez da cópia e derrotaram o Labour, elegendo David Cameron.
Nas eleições seguintes, Cameron venceu de novo, impondo uma atordoante vitória sobre os trabalhistas, então liderados por Ed Miliband.
Reflexo da derrota, a esquerda trabalhistas voltou, com Jeremy Corbyn ganhando a liderança naseleições internas do partido.
Parte dos membros do Labour, inclusive 75% dos deputados, não aceitaram o nova lider, taxando-ode excessivamente radical.
Esse grupo tentou anular a eleição que dera a liderança aeremy Corbyn. Mas, não teve êxito.
Quase toda a imprensa inglesa, os principais líderes conservadores, como o próprio premier Cameron, e até chefes de governos da Europa atacaram duramente duramente Corbyn.
Ele passou a ser considerado desde um perigo para a sociedade inglesa até um impenitente loser, destinado a levar o Labour para o espaço.
Mas Corbyn resistiu, manteve suas posições de esquerda, inclusive condenando a política de apoio a a Israel e a submissão inglesa à Casa Branca.
Quando Theresa May, sucessora de Cameron, solicitou ao parlamento a antecipação das eleições, de olho numa vitória que aumentaria sua bancada e e sua força na Câmara dos Comuns, Corbyn surpreendeu.
Em vez de contestar, aprovou a proposta.
Foi tido como um suicida político. Sombrias pesquisas indicavam baixíssima intenção de voto para seu partido.
Analistas consideravam que, provavelmente, os trabalhistas nas eleições de 8 de junho sofreriam uma esmagadora derrota, elegendo o menor número de deputados em toda a história do partido.
Corbyn não desanimou. Percorreu o Reino Unido com sua pregação socialista democrática.
Neste mês de maio de maio, a publicação da plataforma trabalhista surpreendeu.
Seu slogan- PARA OS MUITOS, NÃO PARA OS POUCOS- resume com clareza seus objetivos. Propõe ideais consideradas tabus como a re-nacionalização gradual das ferrovias, das empresas de energia e de outros serviços públicos,, que vinham atendendo mal ao público.
Pretende aumentar os impostos pagos pelas corporações e por pessoas que ganham acima de 103 mil dólares anuais.
Haveria também um fat cat, imposto especialmente alto para os rendimentos acima de 425 mil dólares.
Por outro lado, 95% da população não teria de pagar impostos.
Projeta-se que o dinheiro arrecadado dos grandes rendimentos e salários chegue a 62 bilhões de dólares. Total que seria usado para pagar um ambicioso programa de habitações populares e aplicações nas áreas de saúde e educação, especialmente.
A plataforma trabalhista promete também elevar os gastos com a polícia, para defender o público de atentados terroristas.
A política exterior seria independente, defendendo a não-intervenção em outros países, a não ser em casos extremamente especiais, e os direitos dos estrangeiros que vivem no país, preocupados com as consequências do Brexit.
Trata-se de um verdadeiro programa socialista moderno, talvez o mais esquerdista em 30 anos de trabalhismo. Priorizando a eficiência, diz que só re-nacionalizará os setores essenciais da economia, onde a iniciativa privada esteja falhando.
Muitos acham que era a chave de mais uma derrota, pois o povo ainda lembrava o chamado ”Inverno do Descontentamento”, quando passou o diabo com a sucessão das greves sindicalistas.
Corbyn respondeu que o Labour não mais esconderia suas ideias por razões eleitorais.
O parido é socialista democrátdico e espera formar uma grande base ideológica e eleger deputrados fiéis à causa, não importa quantos forem.
O inesperado foi que, ao que tudo indica, os ingleses receberam bem a nova plataforma do dos trabalhistas.
As pesquisas partiram de um patamar extremamente baixo para eles.
Os resultados de abril davam a enorme vantagem de 22 pontos para os conservadores.
Mas logo, as intenções de voto no Labour aceleraram rapidamentre.
Há duas semanas, a diferença caiu para 9 pontos.
Na pesquisa realizada nos dias 24 e 25 de maio, o partido de Corbyn continuava ganhando terreno.
Agora somente 5 pontos o afastam dos liderados de Theresa May.
O Partdo Conservador ainda ganha do Trabalhista
por 42% versus 38% (pesquisa Time/You Gov).
Mesmo que êsses números se mantenham em 8 de junho, os trabalhistas deverão eleger um número expressivo de deputados. Bem maior do que o antes previsto.
Segundo o sociólogo Alfredo Carmo, uma tendência quando se estabelece, não se altera.
Não sei se isso já aconteceu na corrida pela Downing Street, 10 (residência e escritório oficiais do premier inlês).
É possível que Theeresa May não saia de lá.
O resultado está indefinido nesses quase 10 dias que faltam para a voz das urnas ser ouvida..
10 dias que podem abalar a Inglaterra.