Um ano depois de Bin Laden.

A Casa Branca está festejando o 1º aniversário da morte de Bin Laden.

Obama, Bill Clinton e outras estrelas do Partido Democrata se pronunciaram festejando o evento.

O Vice-Presidente, Binden, sugeriu aos fãs do presidente um sitcker que sumarizasse os principais benefícios de presidente Obama pasra o povo,  com os seguintes dizeres: “Bin Laden e General Motors”.

Não foi muito feliz.

A salvação da General Motors foi um presente para seus acionistas. Já o povo não foi tão beneficiado assim… Nem mesmo os trabalhadores da indústria automobilística, uma vez que o desemprego em Detroit ronda os 18%.

A execução de Bin Laden não trouxe nenhuma melhoria em termos de segurança para os americanos ou os habitantes de qualquer outro país.

Não houve nenhuma diminuição perceptível no número de atentados terroristas enquanto a Al Qaeda continuou sua trajetória de decadência, que vinha de alguns anos para cá.

Ao que tudo indica, a morte de Bin Laden não representou um golpe destruidor nessa organização.

Como as recentes pesquisas mostram, ela continua mal vista na maioria dos países árabes.

As pesquisas também mostram um crescimento do anti-americanismo.

No entanto, o assassinato de Bin Laden não provocou uma corrida aos centros de recrutamento da Al Qaeda por jovens muçulmanos indignados.

Acho que se pode se atribuir esse fato à Primavera Árabe, que trouxe uma esperança concreta de afirmação de independência e progresso para as nações islâmicas conquistada pelo povo. Participar desses movimentos revolucionários democráticos é uma militância muito mais sedutora do que alistar-se na Al Qaeda, ainda mais porque o islamismo não vê com bons olhos ataques a civis desarmados.

Por isso mesmo, o time de Bin Laden está posto fora da lei em todos os países muçulmanos.

Há já um bom tempo que a Al Qaeda passou a ser uma griffe dividida em franquias, espalhadas pelo Oriente Médio e pelo Sudeste da Ásia, às quais fornece seu know how.

Na maioria dessas regiões, são grupos de terroristas de não mais de 100 homens que seguem atuando, aliás, sem muita freqüência.

Em cada país, a organização é independente, sendo que seu líder internacional funciona mais ou menos como os califas de Bagdá, durante o império islâmico: é um  guia mais espiritual do que temporal, cujo nome é invocado com respeito e as idéias, acatadas.

As conseqüências da morte de Bin Laden para seu movimento terrorista foi despertar o furor e provocar alguns atentados não especialmente retumbantes.

O que não quer dizer que a Al Qaeda seja hoje um tigre sem dentes.

Ela ainda é muito forte no Iraque, Somália, Magreb e Yemen.

A hegemonia dos xiitas no Iraque tem atiçado os ressentimentos dos sunitas, muitos deles inconformados por perderem o poder que tinham nos tempos de Saddam Hussein. Lá a Al Qaeda tem conseguido atrair guerrilheiros e arrecadar recursos financeiros e materiais, com os quais vem mantendo atentados praticamente diários contra guardas, funcionários do governo e xiitas, de um modo geral.

Ela é considerada como uma ameaça potencial à estabilidade do governo do premier Maliki.

Na Somália, a Al Qaeda é chamada Shabaab. Devido à extrema miséria do país há um grande número de desesperados, sensíveis à pregação do movimento.  Sua eficiência é prejudicada pela luta interna entre aqueles que querem usar a Somália comopólo de expansão para outros países e aqueles que se contentam em apenas conquistar o governo local.

A revolução líbia foi um maná para a Al Qaeda no Magreb. Muitos dos seus membros participaram das lutas. Com o fim de Gadaffi, eles conservaram suas armas e as trouxeram para a Argelia, onde a organização atua há muito tempo.

Agora mais fortalecida, a Al Qaeda da Argélia vem se expandindo e praticando atentados audaciosos, como o recente seqüestro de um governador de estado.

Eles lançaram uma campanha de boicote às eleições argelinas. Receia-se que cometam atentados para afastar o povo das urnas.

O Yemen é o país onde na Al Qaeda é mais poderosa.

Basta dizer que governa uma grande região no Sul, incluindo três cidades: Azzan, Jaar e Zingibar.

Eles aprenderam a agradar o povo.

Em toda a região ocupada, a Al Qaeda aboliu taxas e fornece água e eletricidade gratuitas ao povo. Seus caminhões distribuem água às vilas e assentamentos de beduínos. Tudo para  ganhar “hearts and minds”.

A ofensiva dos terroristas se completa com ataques em todo o país contra aldeias, acampamentos e quartéis do exército do governo do Yemen.

Os EUA vem lançando um grande número de aviões sem piloto – os drones – contra alvos da Al Qaeda. Como acontece no Paquistão, os mísseis acabam atingindo também muitos civis inocentes.

Jeremy Scahjill, contou, em fevereiro no jornal The Nation, como os ataques aéreos americanos, que matam civis e indivíduos supostamente militantes – com apoio do brutal governo yemenita- fomenta o anti-americanismo e alimenta o terrorismo internacional.

No Afeganistão, onde os EUA mantém 130 mil soldados, inicialmente  para combater a Al Qaeda, ela não tem mais de 50 militantes, conforme o próprio Secretário da Defesa, Leon Panetta.

Lá, a organização já foi poderosa, mas desinteligências com os talibãs levaram-na a transferir-se para outras bandas mais favoráveis, como o Yemen, por exemplo.

No Paquistão, onde os aviões sem piloto já mataram cerca de 2 mil civis inocentes e tornaram os EUA odiados, a Al Qaeda não fez sucesso. Os talibãs paquistaneses são de longe o movimento terrorista mais forte no país.

1 ano depois de Obama trombetear que matara Bin Laden, vibrando um golpe mortal na Al Qaeda, verifica-se que a ação das Forças Especiais americanas resultou apenas na morte de um símbolo e na criação de um mártir.

Nada de significativo mudou no mundo do terrorismo.

Longe de ganhar com a morte de Bin Laden, os EUA até perdeu porque o evento detonou uma crise de relacionamento com o Paquistão.

Os políticos e principalmente os militares paquistaneses ficaram indignados com o fato dos comandos americanos invadirem o país para matar o líder terrorista, sem autorização do governo. Afinal, onde foi parar o respeito à soberania?

Na verdade, quem ganhou mesmo foi Barack Obama. A imagem do seu governo ia mal. Com a vitória sobre o inimigo público número 1, o povo americano saiu ás ruas, batendo no peito, cantando God Bless America e fazendo a aprovação ao governo Obama subir para mais de 50%.

Infelizmente, as pessoas costumam esquecer rápido das coisas.

Na última pesquisa Gallup, 47,9% davam nota baixa ao governo e 47,8%, aprovavam. Empate portanto.

Pouco para quem salvou a América…

Sic transit gloria mundi.

 

 

 

Um comentário em “Um ano depois de Bin Laden.

  1. Eu só quеro dizer que eu sou muіto novo para
    blogѕ e realmentе νocê é ѕаboreaԁo site.

    Prováѵel quе eu sou provаvelmente para marсar o ѕеu site.
    Certamentе Voсê vem com artigos tгemenԁοs.
    Muito obrіgаda por compartilhar cοnosco sua página.

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