Depois de destruir os últimos enclaves dos rebeldes nas provícias de Damasco e de Homs, as forças pró-Assad estão tomando as áreas do sudoeste ainda fora do seu controle
A Reuters de 30 de junho informa que, em duas semanas de ofensiva, o exército sírio, apoiado pela aviação russa, recuperou grande número de cidades da região.
Reconhecendo a derrota, líderes insurgentes já negociam a rendição.
Ainda não se chegou a um acordo final porque eles insistem em entregar as cidades que dominam a forças russas, não às de Assad.
Na verdade, trata-se de uma objeção meramente formal, um jeito de “salvar a face” do grupo. Espera-se que tudo acabe na primeira quinzena de de julho.
Os rebeldes perderam qualquer condição de resistir depois que o governo Trump os deixou na mão.
A Reuters noticiou mensagem dos americanos, não contestada por eles, com o seguinte teor: “ Vocês (líderes rebeldes) não devem basear sus decisões na certeza ou expectativa de uma intervenção da nossa parte…Nós, no governo dos EUA, entendemos as difíceis condições que voicês estão enfrentando e aconselhamos os russos e o regime sírio a não efetivarem medidas militares que violem a zona (de desescalada).”
Não foi um balde d´água, foi todo um container. Trump repetiu o que ele fez no ano passado, quando cancelou o fornecimento de armas aos rebeldes no norte da Síria.
Tinha bons motivos.
As armas enviadas para os rebeldes moderados acabavam caindo nas mãos de grupos fundamentalistas, especialmenre do Nussra, ligado à al Qaeda.
Há suspeitas de que o mesmo estaria acontecendo no sudoeste.
Esta região é uma das últimas onde os rebeldes ainda lutam.
A principal resistência localiza-se no nordeste, especialmente na província de Idlib, controlada por grupos extremistas, inclusive o próprio Nussra.
Logo após completar a reconquista do sudoeste, o exercito sírio deve voltar-se contra essas áreas, com chances de uma vitória rápida, desde que o governo Trump não volte a apoiar militarmente os rebeldes.
Assad pretende também recuperar o nordeste, que se encontra em poder das forças curdas, com alguma presença dos chamados moderados.
O problema é que, em outubro de 2017, forças turcas invadiram a parte dessa região fronteiriça à Turquia.
Erdogan, o chefe do governo de Ancara, considera os curdos terroristas, portanto seria inaceitável a existência das forças deles na fronteira com seu país.
Na sua invasão, os turcos tomaram Afrin e continuaram avançando aé Manjib, onde deram uma parada.
Nas proximidades, havia bases dos americanos, até então aliados aos curdos. Tinha de ser evitado um choque entre os invasores turcos e os sobrinhos de Tio Sam.
Foi quando enrrou o “deixa disso” e o EUA ficou ao lado de Erdogan, a Turquia era mais forte, aconselhando os seus aliados curdos a se mandarem para outas plagas, mais para o leste.
O provável é que os curdos acabem fazendo um acordo com o governo de Damasco, aceitando a formação de uma região semi-autônoma.
Fora isso, ainda existem pequenos enclaves onde diversas milícias anti-Assad continuam dando as cartas. Não vejo muito futuro nesse pessoal.
Mas, e os americanos?
Em abril, operavam várias bases no nordeste e no norte sírio, onde estavam instalados cerca de dois mil militares.
Nesse mês, Trump declarou que os EUA sairiam logo da Síria, pois sua missão de derrotar o ISIS estava completada.
Os generais protestaram e Trump amarelou um pouco, informou que a retirada demoraria um pouco mais.
Acredita-se que a negativa em continuar armando os rebeldes no sul poderia ser o início do processo de retirada anunciado por The Donald.
Quanto a Israel, temia-se que acabaria se envolvendo nas batalhas, apoiando a insurgêrncia, o que provocaria uma guerra declarada com a Síria, na qual os EUA e o Irã também seriam origados a entrar de forma direta.
As dezenas de bombardeios já realizados por aviões israelenses contra território sírio seriam o prelúdio de uma conflagaração ainda mais ampla e brutal.
Esses ataques israelenses tinham por alvo instalações militares do Hisbolá, o movimento sírio que é hoje um dos principais inimigos do governo Netanyahu. De acordo com ele, a sucessão de bombardeios não significaria que seu país estivesse tomando partido ativo contra Assad.
Para Telaviv, ao alcançar a fronteira com Israel, a ofensiva do exército sírio poderia trazer consigo o Hisbolá e o Irã.
A presença desses inimigos junto ao território isreaelense representaria um sério risco de segurança.
No entanto, conforme artigo de Robert Fisk (International Clearing House, 26 de junho de 2017), Putin teria garantido a Neanyahu que as operações do exército sírio no sudoeste não ameaçam Israel, pois nem o Hisbolá, nem os iranianos estão tomando parte nelas.
Cresce uma idéia, inclusive aprovada pelos EUA, de se criar uma zona de segurança no Golã ( hoje sob domínio de Israel), separando as tropas israelenses das do regime de Damasco.
No pé que as coisas estão, parece que Trump perdeu o interesse na guerra.
Mattis, secretário da Defesa, declarou, em abril, que os EUA permanecerão na Síria até a vitória final, quando cederiam o espaço para a diplomacia promover um acordo de paz.
Como o general está por fora do grupo que decide a política externa americana (NBC News, 28 de junho de 2017), claramente desprezado por Trump, sua adfirmação não se deve levar muito em conta.
Evoluindo a situação na direção que ora se processa, face as sucessivas derrotas dos rebeldes e do cancelamento da ajuda militar americana, primeiro em Idlib e agora no sudoeste, um cessar fogo poderia ser conseguido, como primeiro passo para se firmar um acordo de paz.
Claro, Trump pode mudar este quadro.
Acredito que a questão da Síria será um dos principais assuntos da reunião dele com o presidente Putin, marcada para 16 de julho.
Conforme o que resultar desse encontro, não será surpresa se The Donald resolver mandar um tuit anunciando uma nova escalada dos EUA na guerra.
Melhor eperar que isso não aconteça.
Acho que, caso as potências voltem a discutir o fim à guerra, as duas partes terão de fazer concessões, anda que doloridas.
Nem os americanos, nem os rebeldes podem continuar insistindo no afastamento total de Assad.
Não seria realista.
É inimaginável que quem está vencedo aceite que os derrotados e seu principal aliado impunham sua saída como começo de conversa.
Mas, Assad também precisaria reduzir seus objetivos.
Se permanecer irredutível, Trump, vai voltar para o campo de batalha, especialmente para não fazer feio diante de seu eleitorado.
Uma solução possível seria um governo provisório, dividido entre as facções rivais, formado com o objetivo de preparar o país para uma eleição democrática.
Evidententeme, Assad não seria mandado para o espaço (muito menos para uma prisão, como os opositores gostariam).
Poderia integrar o governo provisório como seu presidente, porém com poderes limitados, longe do que os que hoje detém.
Ou então, teria o direito de se candidatar a voltar ao poder na eleição democrática prevista.
Não sei se realmenre estamos nos aproximando de um acordo para terminar a Guerra da Síria.
Já são 7 anos de fguerra.
Mais de 500 mil vítimas.
Quantos mais precisarão morrer até que Síria, EUA e Rússia concordem que é necessário por fim à tragédia?
Nem que todos eles percam um pouco.