Na Tunísia, país onde nasceu a Primavera Árabe, pode se repetir a queda de um governo eleito democraticamente na região.
O poder, desde a revolução que derrubou o ditador Ben Ali, vem sendo ocupado pelo Ennahda, um partido islâmico moderado.
Os salafitas (islamitas radicais) e a Al Qaeda, de um lado, e os partidos seculares, do outro, lhe movem dura oposição.
Os primeiros, através de atentados e ataques a unidades do governo, são apontados como autores dos assassinatos de dois líderes esquerdistas.
O governo do primeiro ministro Rached Ghannouchi garantiu que os culpados serão punidos.
Mas os oposicionistas seculares o acusam de tolerância ou mesmo de cumplicidade em relação aos radicais do salafismo.
Em seguidas manifestações de rua pedem a renúncia do governo e da Câmara, reunida para elaborar a nova Constituição do país.
Algumas leis já aprovadas são firmemente rejeitadas como a que elimina da política por um período indefinido membros do governo do ditador deposto.
Para a oposição, o objetivo dessa lei seria simplesmente fortalecer o Ennahda.
O premier Ghannouchi diz que aceita discutir com seus adversários modificações na transição democrática, mas sem pré-condições. No entanto, já deixa claro que sua renúncia e a dissolução da Constituinte seriam inaceitáveis.
Caso a oposição não concorde, ele propõe um referendo.
Nele confia sair vitorioso, animado por grande manifestação popular de apoio, com 100 mil pessoas, a maior da história tunisina.
Diante da comparação que parte da imprensa e dos políticos fazem com a crise do Egito, Ghannouchi declarou: “Nós exportamos nossa revolução para o Egito, agora eles (os adversários) querem importar um golpe.”