Segunda Guerra Fria pintando.

Velhos parceiros no início da Guerra Fria, China e Rússia anunciaram um revival  da sua aliança na reunião de cúpula da Shangai Cooperation (SCO), entidade criada pelos chineses para incrementar o comércio entre os países-membros.

Mais recentemente, em Beijing, esta aliança foi reafirmada e enfatizada por Xi Jinping, secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

Durante a visita de Nikolay Patrushev, Secretário do Conselho de Segurança russo, Xinping informou que ele e o presidente Putin haviam chegado à “conclusão unânime de que uma completa parceira estratégica entre Moscou e Beijing permanece prioridade máxima da sua política internacional”.

No mesmo sentido pronunciou-se Putin, em entrevista à imprensa internacional: “As relações russo-chinesas tornaram-se um dos mais importantes fatores nos assuntos internacionais.”

O principal objetivo desta aliança estratégica é claramente contestar a hegemonia mundial dos EUA, que tem ultimamente pisado no calo das duas potências.

A Rússia tentou construir uma relação de amizade com a Casa Branca.

No entanto, atualmente, esta construção está em ruínas. Moscou acusa Washington de ser responsável pela deterioração da parceria.

As principais queixas russas concentram-se nos planos americanos de instalar um escudo de defesa anti- míssil no Leste da Europa a poucos quilômetros das fronteiras com a Rússia.

Putin queria uma garantia legal de que o sistema jamais seria usado contra seu país mas os americanos se negam a atender o presidente russo.

Já a China está profundamente aborrecida com as ações dos EUA no seu quintal.

O governo Obama apoia Toquio contra Beijing na disputa por ilhas no Mar da China e vem cercando o território chinês com bases militares nos países do Sul da Ásia.

Um número cada vez maior de vasos de guerra americanos patrulha a região. Em junho do ano passado, foi anunciado que, até 2020, mais de 60% da esquadra naval dos EUA será deslocada para o Oceano Pacífico.

Além de se identificarem por sofrerem problemas causados pelos americanos, Rússia e China também tem posições idênticas nas principais questões políticas internacionais.

Em quase todas elas, os EUA estão do outro lado.

Assim, na guerra da Líbia, enquanto os americanos tiveram participação destacada, russos e chineses manifestaram-se radicalmente contrários aos ataques.

A China, inclusive por ter interesses no regime de Kadafi: investimentos em diversas áreas, prejudicados com a vitória dos rebeldes, que obrigou cerca de 30 mil trabalhadores chineses a voltarem a seu país.

Na questão síria, enquanto os EUA pregam a derrubada do governo Assad, o apoio chinês e o russo, especialmente, tem evitado uma intervenção patrocinada pela ONU.

A guerra do Afeganistão, liderada pelos EUA, é criticada pelas duas nações.

O Irã tem sofrido pesadas sanções dos EUA, que tem sido extremamente duros nas negociações relativas a seu programa nuclear.

Moscou e Beijing são contra as sanções e defendem uma linha moderada, na busca de um acordo de paz com Teerã.

A Coréia do Norte é vista e tratada como um país pária pelos EUA, uma verdadeira ameaça à segurança mundial.

Já a China mantém boas relações com o governo de Piongiang, sendo mesmo uma ponte entre ele e o Ocidente. E o governo Putin tem demonstrado boa vontade com os norte-coreanos.

Somente na questão da Palestina, os governos dos 3 países parecem estar juntos.

Em teoria, na prática não é bem assim.

Os dois países do Leste defendem a independência da Palestina, condenando os assentamentos e a ocupação israelense. Os EUA também, mas vetam no Conselho de Segurança da ONU todas as condenações a Israel pelas suas políticas que afirmam essas posições.

Por fim, os regimes de Moscou e Pequim apresentam certa semelhança.

Enquanto o chinês é uma ditadura do partido Comunista, o russo é uma democracia autoritária.

Neste ano de 2013, a nova parceria deve dar muito trabalho aos EUA e seus aliados, particularmente no Oriente Médio.

Ali, o sentimento anti- americano tem crescido, vitaminado pelo apoio irrestrito a Israel, associação às ditaduras locais e os bombardeios com aviões sem piloto.

Há indícios, embora ainda tênues, de que Obama pretende alterar sua política na região, deixando em segundo plano o tradicional uso de força militar e doações.

E fazendo valer a promessa feita por ele aos árabes, na Universidade do Cairo, em 2009, de “um novo começo, um novo caminho para a frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo.”

 

 

 

 

 

 

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