A eleição no Irã parecia uma disputa entre “amigos do regime.”
Desqualificados, o reformista Rafsanjani e o nacionalista Mershael, só restariam 2 candidatos moderados, sem chance, contra 6 conservadores, 3 deles com forte apoio popular.
Tudo indicava que tudo ficaria como estava.
De repente, a mudança parece possível, mudança mesmo.
Rowhani, o único clérigo candidato, mostra-se um autêntico reformista, adversário das arbitrariedades da cúpula religiosa que governa o país.
Depois de defender a busca de um acordo com as potências do Ocidente para resolver a questão nuclear e repor o Irã no mercado internacional, Rowhani voltou-se contra o clima repressivo que ainda vigora no Irã.
“Nós abriremos todos os cadeados, que tem apertado a vida das pessoas nos últimos 8 anos”, ele declarou.”Traremos de volta ao país a dignidade de outrora.”
Foi mais ousado quando referiu-se claramente às ações da milícia Basij- grupo paramilitar bem visto pelo governo- ao criticar as perseguições dos civis pelos “policiais a paisana” e ao “clima de perigo iminente”, existente no país.
Ele tem propostas favoráveis às minorias: proclamou o direito dos azeri falar sua própria língua, coisa que os governos anteriores tem ignorado, e o apoio à economia dos curdos, negligenciada por Teerã.
“A constituição iraniana reconhece todos os grupos étnicos como iguais e com direitos iguais,” afirmou de modo enfático.
A candidatura de Rowhani vem crescendo ultimamente.
Aref, o outro reformista que estava no páreo, renunciou para apoiar seu correligionário, que tem mais chance.
No entanto, o que pode mesmo mudar as coisas em favor de Rowhani é o possível engajamento em sua campanha da grande parte da população que, desencantada com a política, pensava em se abster.
Por enquanto, isso é apenas uma esperança, como também é a aceitação pelo regime da eventual vitória de um político que o contesta.