O relatório Chilcot sobre o papel do Reino Unido na invasão e ocupação do Iraque será publicado em 6 de julho.
Poderia ser antes, mas foi adiado a pedido do governo inglês para depois da data do referendo da União Europeia.
Os fatos revelados são tão graves que poderiam solapar a confiança do povo inglês nas autoridades e o influenciar a votar contra a permanência do país no organismo europeu.
Com 2,6 milhões de palavras, o relatório refere-se a um inquérito iniciado em 2006 sob a liderança de sir John Chilcot.
Baseia-se no testemunho de mais de 150 pessoas (entrevistadas entre 2009 e 2011) e na análise de mais de 150 documentos do governo.
O interesse maior é sobre o papel do então primeiro-ministro Tony Blair na invasão de 2003. Há fortes suspeitas de que ele enganou propositadamente sobre a existência de armas de destruição em massa, as principais causas da guerra.
Como se sabe, elas não existiam.
Blair e George Bush foram os principais responsáveis por uma guerra injusta que não foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Calcula-se que foram mortos entre 150 mil e um milhão de iraquianos, em sua grande maioria civis. Quase 4.500 soldados americanos morreram, assim como 179 soldados ingleses. Centenas de milhares de militares das duas nações voltaram para casa gravemente feridos ou portando sérios problemas psicológicos.
Grandes manifestações de protestos sacudiram a Inglaterra desde o início da conflagração.
Tornaram-se ainda maiores quando se tornou público que o Iraque não dispunha de amas nucleares.
Sob pressão da opinião pública, o governo Gordon Brown criou uma comissão para investigar a participação inglesa no conflito.
Tony Blair fez de tudo para adiar ao máximo a publicação do relatório.
Exigiu e conseguiu o direito de analisar previamente tudo que se alegava contra ele. Com isso, ganhou tempo, muitos meses, mas não foi possível evitar que o Relatório Chilcot viesse a chegar ao conhecimento do povo inglês.
Em 6 de julho os ingleses conhecerão todos os fatos mantidos ocultos até hoje.
E todos os implicados na vergonhosa Guerra do Iraque.