Quem foi o culpado?

Para os EUA, foi Assad quem mandou lançar bombas químicas sobre Ghouta.

Dennis McDonough, chefe do Gabinete de Obama, admite que contra Assad não existem “evidências além de uma dúvida razoável.”

E daí, eles dizem, isso é um critério dos tribunais de justiça. Em questões de guerra e paz não valem.

As culpas de Assad seriam claras “por uma questão de bom senso.”

O governo Obama acha que isso é mais do que suficiente.

Afinal, houve um ataque químico, provavelmente com sarin, e os rebeldes, segundo a inteligência yankee, não tem bombas deste hediondo gás.

Já Assad tem, portanto, por eliminação, só ele pode ser o autor da barbaridade.

Há quem questione.

O general libanês aposentado, Hisham Jaber, observador da política do Oriente Médio, afirma que, entre os muitos oficiais que desertaram das hostes de Assad, vários teriam sido treinados no uso do gás sarim. O qual fora adquirido pelos rebeldes de tribos da Líbia, depois da queda do ditador Gadafi, através de intermediários sauditas.

O governo diz que muitos dos seus soldados foram contaminados em Jobar, arredores de Damasco, quando penetraram em tuneis abandonados pelos insurgentes. A comissão de investigação da ONU examinou esses soldados num hospital e, em breve, vai se saber se é verdade.

A agência de notícias americana, Mint Press News, praticamente confirma a denúncia do regime Assad, citando declarações de civis e milicianos rebeldes da cidade de Ghouta (onde aconteceu o ataque químico).

O pai de um miliciano contou que seu filho e mais 12 companheiros morreram no interior de um túnel onde eles estavam estocando armas, inclusive algumas descritas como tendo “forma de tubo” ou como “imensos garrafões de gás.”

Diversos rebeldes informaram que transportaram as armas em forma de tubo e de garrafão de um lugar para outro, durante vários dias.

Em maio deste ano, alguns jornais turcos noticiaram a prisão de 12 membros do movimento Nussra (integrante do exército rebelde) com cerca de 2 quilos de sarin.

 

O governo turco desmentiu mas não sei se é para se acreditar muito já que se trata de inimigo do regime sírio, por isso mesmo, interessado em aliviar possíveis culpas do exército insurgente.

Há meses atrás, Carla Del Ponte, membro de comissão da ONU para investigar acusações de uso de bombas químicas na Síria declarou que, embora faltassem provas definitivas, havia indícios de culpa dos rebeldes em casos sucedidos em outras regiões do país.

Uma nova teoria surgiu, quando o jornal Bild am Sonnantag afirmou ser possível que oficiais do exército sírio sejam os responsáveis pelo ataque.

Segundo fontes da inteligência alemã, mensagens de rádio e chamadas telefônicas interceptadas pela BND (serviço de inteligência da Alemanha) revelaram que, em diversas vezes, Assad rejeitou pedidos das suas forças armadas para usarem bombas químicas.

Como você está vendo, há dúvidas mais do que razoáveis sobre a autoria do crime de Ghouta.

Com os dados disponíveis, não há nem sombra de bom senso na ideia de culpar Assad.

Só nos resta esperar pelas conclusões dos especialistas da ONU.

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