Proibido para Saddam Hussein, permitido para Barack Obama

As armas químicas foram usadas em larga escala na 1ª Grande Guerra.

Seus efeitos foram tão horríveis que, em 1925, o Protocolo de Genebra proibiu seu uso na guerra, “justificadamente condenadas pela opinião geral do mundo civilizado.” Mas, a verdade é que, nas diversas guerras que se seguiram, as armas químicas continuaram em ação, embora de forma mais ou menos velada.
Apesar da proibição, Saddam Hussein usou-as na guerra contra o Irã.
No fim da Guerra do Golfo, foi obrigado a eliminar ou desativar as que tinham sobrado.
O efeito dessas armas é tão devastador que foram colocadas na mesma prateleira das armas atômicas, como armas de destruição em massa, quando, em 2003, Bush acusou Saddam Hussein de possuir ambas, ao justificar a invasão e ocupação do Irã. Apenas em 1992, depois de muitos anos de negociações, a Conferência de Desarmamento em Genebra adotou a proibição de 1925, através da resolução intitulada Convenção para a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Uso das Armas Químicas e a Sua Destruição. Cerca de 170 países a assinaram e 139 a ratificaram. Posteriormente, a Convenção de Armas Químicas (CWC) reforçou o texto do Protocolo de Genebra. Devido à resistência inicial de alguns membros, a Convenção só começou a ser obedecida a partir de 1997. Segundo ela, alem de destruir suas armas químicas, as nações deveriam interromper qualquer pesquisa, desenvolvimento, produção, aquisição e estocagem. Foi estabelecido um prazo de 10 anos, que findaria em abril de 2007. Os EUA, com um estoque de 30.000 toneladas de armas químicas, e a Rússia, com 40.000, solicitaram que esse prazo fosse estendido até abril de 2012. Em 28 de novembro de 2011 reuniu-se a Conferência dos Estados Membros da Convenção das Armas Químicas, em Haia, para consolidar a eliminação total e final dessas armas. Mas não foi possível devido à obstrução dos EUA. A Casa Branca quer agora uma nova extensão do prazo para eliminar seu estoque de armas químicas: mais 8 anos, até 2020.Não tem intenções de destruir agora essas armas ilegais.
A pergunta que o governo Obama não respondeu foi: Porque?
Parece claro que a exigência americana só pode ter atrás de si intenções de continuar usando armas químicas. Ou, ao menos, de mantê-las em reserva para circunstâncias especiais. Qualquer que seja o objetivo, os americanos estão desafiando uma convenção internacional, que tem força de lei. Mas não contra eles. Se denunciados ao Conselho de Segurança, simplesmente usariam seu poder de veto. E essas armas proibidas seguirão permitidas para os EUA até 2020. Ou eventualmente um novo prazo que lhes for conveniente. Não será de admirar se outras nações, como a Rússia ou a China, por isonomia, requeiram o mesmo privilégio. E assim caminha a humanidade.

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