Processado por revelar delitos secretos.

O procurador-geral de Israel vai processar Uri Blau , repórter do jornal Haaretz, por ter revelado fatos bastante desagradáveis para o governo, que, por isso mesmo, os classificara como secretos.

Em 2008, Uri Blau publicou uma reportagem investigativa sobre uma série de operações ocultas dos militares israelenses, aprovadas por oficiais  de alta patente.

Entre vários fatos graves, Blau relatou uma conspiração para matar palestinos suspeitos, em vez de prendê-los. O motivo seria evitar os problemas conseqüentes de um julgamento, tais como a revelação de nomes de agentes infiltrados, denúncias de torturas e até possíveis absolvições de elementos marcados como rebeldes.

As matérias baseavam-se em mais de 1.800 documentos militares dos quais algumas centenas eram classificados como secretos, fornecidos pela  ex-soldado  Anat Kamn, que os copiara quando trabalhava no escritório do chefe do Comando Central do Exército, que incluía a Margem Oeste.

A reportagem causou escândalo e deixou os militares em má situação, pois suas ações, além de criminosas, contrariavam decisão explícita da Suprema Corte, que proibia o assassinato de militantes, quando pudessem ser aprisionados.

De acordo com hábito mundial dos regimes despóticos, em vez de se punir os culpados, o Governo puniu o denunciante.

Anat Kamn foi processada, em 2009, e condenada a 4 anos e meio de prisão por ter vazado intencionalmente documentos secretos do  Exército.

Blau estaria a salvo.

Obedecendo a lei de imprensa israelense, ele havia submetido suas matérias ao censor e conseguido sua aprovação.

No entanto, considerando as características do governo Netanyahu, o jornalista tratou de fugir para Londres.

Sujeito previdente.

Mas nem tanto. Acreditou, quando lhe disseram que poderia voltar a Israel, onde somente teria de responder a perguntas relativas ao caso de Kam. E voltou.

Ao chegar, soube que não era bem assim.

O Exército queria vingança.

Como não dava para processá-lo pelo artigo, pois fora aprovado pelo censor, os juristas de farda encontraram uma saída criativa: Uri Blau será indiciado pelo crime de “posse” de documentos secretos do governo.

Se a justiça local aceitar, pode estar sendo criada uma nova jurisprudência: em Israel, a aprovação do censor não isenta o autor da matéria de ser processado pelo governo.

E assim, sob Bibi e a coalizão direitista, “Israel – com essas leis – caminha para a ditadura”, diz Tizpi Livni, ex Ministro das Relações Exteriores.

 

 

 

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